São Paulo, Terça-feira, 25 de Maio de 1999
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ADMINISTRAÇÃO
Prefeito deixa de lado Cingapura, PAS e grandes obras para apostar em mutirões, banco do povo e empregos
Pitta esquece Maluf e adota "linha Erundina"

ROGÉRIO GENTILE
GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local

Livre do risco de impeachment, o prefeito Celso Pitta (sem partido) está tentando recuperar sua popularidade trocando o discurso malufista por um mais parecido com o dos partidos de esquerda.
O vocabulário de Pitta está mudando. Saem expressões como Cingapura, PAS e Leve-leite -bandeiras do ex-prefeito Paulo Maluf- e entram termos como mutirão, renda mínima e banco do povo, programas adotados por prefeituras petistas.
Ontem, o prefeito disse, inclusive, que vai rebatizar o PAS (Plano de Assistência à Saúde). Há dois possíveis nomes: Modelo de Gestão Cooperativada ou Gerenciamento de Cooperativas de Saúde.
O programa, que tinha como pressuposto a gestão dos hospitais e postos de saúde do município por cooperativas privadas, foi descaracterizado. O sistema está sendo municipalizado novamente.
O projeto Cingapura, em que os prédios são construídos por empreiteiras, também está sendo colocado para escanteio.
Pitta não vai acabar com ele, mas, aos poucos, irá priorizar os mutirões -base da politica habitacional da então prefeita petista Luiza Erundina (hoje no PSB).
A mudança se repete na área de obras. Pitta diz agora que é preferível fazer muitas obras pequenas na periferia do que centralizar os investimentos em grandes obras na região central da cidade.
Pitta pretende investir R$ 40 milhões até o final do ano na pavimentação de cerca de mil ruas e mais R$ 35 milhões na instalação de 10 mil postes de iluminação.
A exceção é, em parte, o Fura-fila, sua grande promessa eleitoral. As obras da primeira linha estão sendo retomadas e a promessa atual -outras foram quebradas anteriormente- é que fiquem prontas no 1º semestre de 2000.
Mesmo assim, Pitta já remanejou R$ 10 milhões orçados para o sistema para aplicar nas frentes de trabalho, programa que promete atender 10 mil desempregados.
"O novo estilo é mais uma questão pragmática do que ideológica. Tem base no fato de que a prefeitura está sem dinheiro e que o modo malufista de governar é mais caro", diz o professor de Ciência Política da PUC Cláudio Couto.
Além da falta de recursos, pesquisas de opinião também ajudaram na definição do novo estilo Celso Pitta. A Secretaria de Governo dispõe de dados que mostram que a população considera, por exemplo, mais importante investir em mutirão do que no Cingapura (64 menções contra 53).
As pesquisas indicam que desemprego, segurança e o embelezamento da cidade são os assuntos de mais interesse da população.
Para atender ao último aspecto, Pitta pretende reformar a avenida Paulista, dando-lhe um aspecto de bulevar. O projeto deve ser iniciado até o fim de 99.


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