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Primeira mulher a chefiar a Faculdade de Direito da USP busca aproximação com comunidade
Nova diretora quer incentivar a pós
da Reportagem Local
Implantar cursos de especialização em nível de pós-graduação
é uma das metas da professora
Ivete Senise Ferreira, 63, que assumiu ontem a direção da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo). Para ela,
esse é um meio de aproximar a
instituição da comunidade.
Ivete é a primeira mulher, desde a fundação da faculdade, há
170 anos, a assumir a direção da
instituição, considerada uma
das mais tradicionais do Brasil.
"Ainda estou na euforia que
precede o trabalho sério, mas
uma das coisas que tenho a pretensão de fazer é implantar cursos de especialização para pessoas que já militam na profissão", diz Ivete.
Professora da USP desde 1971 e
especializada em direito criminal, Ivete encabeçou as três listas
tríplices, que resultaram na ratificação de seu nome como diretora. Concorreram com ela os
advogados Dalmo de Abreu Dallari e Fábio Konder Comparato,
respectivamente, segundo e terceiro colocados.
As listas foram o resultado de
eleições realizadas na faculdade,
que envolveram docentes, alunos e funcionários. A escolha final coube ao reitor da USP, Jacques Marcovitch.
"Não esperava e nem pleiteava
a direção. Estava ocupada com
outras tarefas. Mas os colegas se
manifestaram a favor. Não acreditava que fosse se concretizar",
diz Ivete.
Para a professora a surpresa se
deve ao fato de que, em geral, os
diretores da São Francisco costumam ter um "posicionamento ideológico forte", o que não é
o seu caso, que sempre se concentrou nas atividades acadêmicas e escolares.
Antes de se tornar diretora, a
professora era diretora do Departamento de Direito Penal e
ocupava cargos em diversas comissões e órgãos.
Apesar de se dizer surpresa pela indicação, Ivete afirma estar
"muito contente".
"Isso mostra que pode acontecer na prática o que se pregava
na teoria. Sabia que a mentalidade em relação às mulheres na faculdade havia mudado, mas pude confirmar isso na prática."
Para o advogado Dallari, a escolha de uma mulher para dirigir uma das mais renomadas faculdades de direito do país,
"chegou tarde".
"A primeira bacharel em direito do Brasil se formou em
1900. Demorou demais. Espero
que o caso de Ivete seja um precedente para que uma mulher se
torne ministra do Supremo Tribunal Federal, o que nunca
aconteceu."
(MAv)
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