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SAÚDE
José Serra afirmou ontem que técnicos farão vistoria no laboratório que produziu anticoncepcional de farinha
Governo interdita laboratório das pílulas
BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília
CARLA CONTE
da Reportagem Local
O ministro da Saúde, José Serra,
decidiu ontem interditar por cinco
dias, a partir de hoje, o laboratório Schering do Brasil, que produz o anticoncepcional Microvlar,
para fazer uma inspeção.
A medida foi tomada por causa
das pílulas de farinha que chegaram ao mercado após suposto roubo de mercadoria que seria incinerada como resíduo industrial. Pelo
menos cinco mulheres afirmam
ter engravidado enquanto tomavam a Microvlar.
A empresa produziu as pílulas de
farinha para usar em teste de nova
máquina de embalagem do produto. A empresa alega que só ficou
sabendo do extravio das pílulas de
farinha depois de receber denúncia da consumidora grávida.
Vistoria
A interdição será feita para que
técnicos da Vigilância Sanitária façam inspeção no sistema de produção e descarte de todos os produtos da empresa. O ministro
acredita que possa haver outros
problemas, por isso, não descarta
o fechamento da empresa.
"Podemos chegar ao fechamento do laboratório, seja ele qual for
e com prestígio internacional que
tiver", afirmou Serra. "É preciso
que todo crime contra a saúde seja
considerado o que ele realmente é:
crime hediondo", disse.
O ministrou afirmou ter ficado
indignado com o caso. "Isso mostra o estado lamentável da situação dos remédios no Brasil."
De acordo com Sandra Abrahão,
diretora médica do laboratório, a
empresa só vai se posicionar sobre
a decisão do ministro depois de ser
notificada, o que não havia ocorrido até as 20h de ontem.
Nova caixa
O anúncio do ministro foi dado
um dia após o Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde, em São Paulo, ter dado autorização para a empresa colocar no mercado -em nova embalagem- três novos lotes de pílulas, que tinham relatório atestando a qualidade do produto.
A vigilância também havia liberado a produção de outros 13 lotes, que já estavam em processo de
fabricação quando foram proibidas a venda e produção do produto, na última segunda-feira.
De acordo com o laboratório, as
distribuidoras continuam recolhendo as pílulas das farmácias,
conforme determinação da Vigilância Sanitária.
A empresa afirmou que só vai se
posicionar sobre indenizações
quando estiver concluído inquérito policial que investiga o roubo
dos lotes das pílulas de farinha.
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