São Paulo, quinta, 25 de junho de 1998

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SAÚDE
José Serra afirmou ontem que técnicos farão vistoria no laboratório que produziu anticoncepcional de farinha
Governo interdita laboratório das pílulas

BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília

CARLA CONTE
da Reportagem Local

O ministro da Saúde, José Serra, decidiu ontem interditar por cinco dias, a partir de hoje, o laboratório Schering do Brasil, que produz o anticoncepcional Microvlar, para fazer uma inspeção.
A medida foi tomada por causa das pílulas de farinha que chegaram ao mercado após suposto roubo de mercadoria que seria incinerada como resíduo industrial. Pelo menos cinco mulheres afirmam ter engravidado enquanto tomavam a Microvlar.
A empresa produziu as pílulas de farinha para usar em teste de nova máquina de embalagem do produto. A empresa alega que só ficou sabendo do extravio das pílulas de farinha depois de receber denúncia da consumidora grávida.
Vistoria
A interdição será feita para que técnicos da Vigilância Sanitária façam inspeção no sistema de produção e descarte de todos os produtos da empresa. O ministro acredita que possa haver outros problemas, por isso, não descarta o fechamento da empresa.
"Podemos chegar ao fechamento do laboratório, seja ele qual for e com prestígio internacional que tiver", afirmou Serra. "É preciso que todo crime contra a saúde seja considerado o que ele realmente é: crime hediondo", disse.
O ministrou afirmou ter ficado indignado com o caso. "Isso mostra o estado lamentável da situação dos remédios no Brasil."
De acordo com Sandra Abrahão, diretora médica do laboratório, a empresa só vai se posicionar sobre a decisão do ministro depois de ser notificada, o que não havia ocorrido até as 20h de ontem.
Nova caixa
O anúncio do ministro foi dado um dia após o Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde, em São Paulo, ter dado autorização para a empresa colocar no mercado -em nova embalagem- três novos lotes de pílulas, que tinham relatório atestando a qualidade do produto.
A vigilância também havia liberado a produção de outros 13 lotes, que já estavam em processo de fabricação quando foram proibidas a venda e produção do produto, na última segunda-feira.
De acordo com o laboratório, as distribuidoras continuam recolhendo as pílulas das farmácias, conforme determinação da Vigilância Sanitária.
A empresa afirmou que só vai se posicionar sobre indenizações quando estiver concluído inquérito policial que investiga o roubo dos lotes das pílulas de farinha.



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