São Paulo, quinta, 25 de junho de 1998

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Grávida é morta e três são baleados

FERNANDO BARROS
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

Uma mulher grávida de oito meses foi morta e três pessoas foram feridas a tiros na favela Itapegica, na altura do km 90 da rodovia Fernão Dias, em Guarulhos (20 km ao norte de São Paulo). A criança não sobreviveu e os feridos estão internados no Hospital Carlos Chagas.
Odival Fermino Alves, 37, dono de um bar na favela, foi preso por policiais rodoviários federais e encaminhado ao 1º DP de Guarulhos, onde foi autuado em flagrante por homicídio. Em seu depoimento, ele negou o crime.
As vítimas reconheceram Alves e apontaram seu irmão Icor e um terceiro, conhecido como Careca, como seus cúmplices. Os dois últimos estão foragidos.
Segundo a sobrevivente Elenite Tinelli, 34, o trio queria matar a todos. "Eles queriam chacinar a gente." Sua irmã, Jaqueline Tinelli, 37, morreu. Os outros feridos foram o borracheiro Valtuires Gomes da Cruz, 33, e Hélio Pereira Pires, 38, moradores na favela.
A sequência de crimes começou às 18h50 de anteontem, quando o dono do bar foi cobrar uma dívida de R$ 50 do motoboy Pires, que não tinha o dinheiro e foi baleado no braço, perna e ombro e socorrido pelo borracheiro.
Após deixar o amigo no PS, o borracheiro foi até o 1º DP de Guarulhos e denunciou Alves e os outros dois homens pelo crime.
Segundo Valdemar Fernandes da Cruz, 32, irmão do borracheiro, o trio se aproveitou da ausência de Valtuires para invadir a casa dele, nos fundos da borracharia.
Na casa estavam Elenite, mulher do borracheiro, o filho do casal, Guener, 12, e Jaqueline, recém-chegada do Espírito Santo, que estava em Guarulhos apenas para buscar o filho de 4 anos que era criado pela irmã. "Ela iria embora hoje (ontem)", contou Cruz.
O trio, afirma, invadiu a casa atirando. Elenite, baleada no braço, conseguiu escapar pulando pela janela com as crianças.
Jaqueline teria corrido para a frente da casa e foi seguida por Alves, que a baleou nas costas. Ela caiu em frente à Brasília do comerciante e morreu na hora.
O borracheiro foi atingido por dois tiros ao voltar à favela, às 22h30, quando o trio deixava sua casa.
Segundo o irmão do borracheiro, o trio ainda ateou fogo nas motos de Valtuires e Helio.
Alves, conhecido pelo apelido de "Freta", foi preso por patrulheiros rodoviários federais ao se apresentar como dono da Brasília.
O borracheiro, mesmo ferido, atravessou a nado o rio Cabuçu, que separa os municípios de Guarulhos e São Paulo, para fugir de seus agressores. Os policiais do 90º DP (Parque Novo Mundo) levaram o borracheiro de volta a Guarulhos onde foi medicado.



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