São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 2000 |
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MANAUS Dois rapazes teriam se beijado na boca, segundo diretor da instituição, que nega preconceito contra homossexuais Suposto beijo entre alunos causa expulsão
KÁTIA BRASIL DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS Dois rapazes, de 14 e 17 anos, foram expulsos de uma escola estadual em Manaus sob a alegação de que teriam se beijado na boca no corredor da instituição. A expulsão ocorreu no dia 4, mas só foi divulgada ontem, após R.N.M., 14, e J.S.S., 17, denunciarem o caso à AAGLT (Associação Amazonense de Gays, Lésbicas e Travestis), que promete processar o Estado (leia texto nesta página). Os adolescentes negam ter se beijado. "Nosso relacionamento é de amizade. Nunca nos beijamos. Quando nos encontramos nos abraçamos como amigos. Não vejo mal nenhum", disse J., que afirmou não ter se definido sexualmente ainda. "Já tive quatro namoradas", disse. A Escola Estadual Desembargador André Vidal de Araújo nega que tenha havido discriminação. "Foi indisciplina. O beijo na boca foi um pingo d'água em uma situação insustentável. Eles estavam ofendendo a congregação de professores e alunos", afirmou o diretor Erison Galvão. "Não houve discriminação. Na escola há mais de 20 homossexuais. O namoro é proibido para todos. Agora, a natureza impõe, você decide sua opção sexual, mas desde que seja fora da escola." J. e R., que frequentavam a 7ª série do horário noturno e moram no bairro Cidade Nova 1, discordam dos motivos apresentados por Galvão. Eles afirmam que os problemas começaram nas aulas de português, quando J. discutiu com um professor e foi expulso da sala, em julho. Levado a uma orientadora pedagógica identificada apenas como Adélia, J. afirma ter percebido preconceito com R., que assume ser gay. ""Ela disse que R. tinha um jeito feminino", afirmou J. O rapaz relatou outro incidente com a orientadora, que não foi localizada ontem. "Estava colocando uma leite de contato no banheiro. R. estava comigo. Quando saímos ela estava na porta e chegou a insinuar que estávamos fazendo sexo." O boato se espalhou e R. afirma ter virado alvo de chacota de colegas. Colaborou Andréa de Lima, da Agência Folha Texto Anterior: Barbara Gancia: Lalau já deve estar de "bigodón" e "sombrero" Próximo Texto: "Diretor sugeriu transferência" Índice |
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