São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 2000


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NO LIMITE AMAZÔNICO
Empresa demorou para avisar polícia
Secretaria vai investigar agência que levou franceses a Manaus

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A Secretaria de Cultura e Turismo do Amazonas abriu ontem investigação sobre a agência Alternatur Amazônia, responsável pelos turistas franceses que ficaram perdidos na selva.
Relatório do Corpo de Bombeiros do Amazonas, obtido com exclusividade pela Agência Folha, aponta que a empresa demorou para avisar a polícia sobre o desaparecimento e não informou que eles haviam sido achados enquanto o Exército era mobilizado para a busca com um helicóptero.
Os donos da agência, Michel e Thérese Aubreton, não foram localizado ontem para comentar as acusações. Eles voltaram com os turistas Amande de Montal e Frederic Eggspuhler para a comunidade ribeirinha Nova Esperança, de onde eles saíram para a caminhada na qual se perderam.
O relatório dos bombeiros aponta também que os franceses e seu guia ficaram perdidos desde a madrugada de sábado, e não desde domingo, como foi divulgado anteriormente. "Eles passaram cinco dias na floresta e nós só fomos comunicados no quarto dia", disse o sargento José Guilherme Sampaio Almeida.
Segundo o secretário Robério Braga (Turismo), o caso ""fere a imagem do turismo no Amazonas". A agência presta serviços à estudante Amande, 22, e ao comerciante Eggspuhler, 25. Os dois, mais o guia Doriram Pooran Roy, 33, se perderam numa área de mata nativa, durante uma tempestade, a 20 km de Nova Esperança, no município de Nova Airão (a 100 km de Manaus).
O resgate aconteceu por volta das 19h (20h em Brasília) de anteontem, com a ajuda de mateiros e de um helicóptero do Exército.

Voltaram
Após passarem cinco noites dormindo na floresta, a primeira coisa que os turistas franceses fizeram em Manaus foi pedir para voltar para o mato.
E voltaram. Ontem já estavam de volta à comunidade Nova Esperança com os donos da agência Alternatur Amazônia, que iriam promover uma festa com os caboclos para comemorar o resgate.
Os dois são amigos que programaram há um ano conhecer a América Latina e fazer uma aventura na floresta amazônica. Amazonas, Ceará e Rio foi o roteiro escolhido. Depois, seria a vez de Chile, Bolívia e Argentina. A volta está programada para setembro.
"Eu tinha um sonho de conhecer a Amazônia. Não imaginava que ia passar por essa situação", disse Amande, estudante de economia em Paris. Para ela, os dias que passou na floresta, mesmo com as crises de asma que enfrentou, foram de reflexão.
O guia disse que o grupo se afastou do local inicial da trilha na floresta por 20 km. Amande, nos dois primeiros dias, andou bem. Mas no terceiro, diz, já estava em pânico, chorando muito. Já Eggspuhler disse que descobriu que viver sem conforto é ""muito fácil". Amande justificou a volta: "Vamos agradecer pelo que fizeram conosco. Aquelas pessoas salvaram nossas vidas." (KÁTIA BRASIL)


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