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Pais criam núcleo
contra falta de vaga
GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local
Famílias de São Paulo encontraram uma alternativa simples e barata para driblar a falta de vagas
para excepcionais em escolas e
instituições especializadas.
Com o auxílio de assessoria gratuita prestada pela Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), elas montaram núcleos
de apoio onde os próprios pais
atuam como orientadores.
Pais e filhos se reúnem até duas
vezes por semana para desenvolver atividades em grupo. Os encontros acontecem dentro da casa
de um dos integrantes ou em espaços comunitários.
Criado pela Apae, o chamado
Programa Comunitário atendeu
cerca de 150 famílias da capital
desde 1985.
"Foi um meio-termo criado para resolver a nossa própria limitação de vagas. Os técnicos levam
modelos para que as próprias famílias estimulem as crianças com
atividades de socialização", afirmou Isabel Carneiro de Francischi, 44, coordenadora do Programa Comunitário da Apae.
"Muitas vezes as famílias acreditam que apenas instituições especializadas podem fazer algo e
cruzam os braços", disse.
Segundo Isabel, o objetivo do
programa é tirar os excepcionais
de casa e colocá-los em contato
com outras crianças. "Essa é uma
forma de desmistificar a doença e
não deixar esse grupo sem nenhum tipo de atividade." O programa funciona com 19 profissionais, entre pedagogos, psicólogos
e fonoaudiólogos.
Os dois núcleos que a Apae monitora atualmente ficam na zona
leste da capital e atendem basicamente a famílias carentes. A maior
incidência é de crianças com deficiência mental (moderada ou severa).
O grupo montado no bairro de
Cangaíba usa o espaço da paróquia do bairro, onde nove famílias
se reúnem por duas horas às segundas-feiras.
"Damos muitas atividades manuais. Mas também ensinamos
coisas básicas para que eles se virem sozinhos", disse Maria Clara
Pivato, 62. Seu filho Marcos, 31,
tem deficiência metal.
"Eu o deixei em uma escola particular por dez anos e chegou um
ponto em que ele parou de evoluir.
Era uma época em que eu pagava e
não participava de nada", disse
Maria Clara. "Hoje, ele está muito
melhor e fica feliz por encontrar os
amigos."
A dona-de-casa Imaculada Conceição Barbosa, 58, colocou o filho
Guilherme, 13, no grupo do Cangaíba no ano passado. Ela não
aguentou pagar a mensalidade de
uma escola especial, além de notar
regressões na fala do filho, que
tem síndrome de Down. "Ele voltou a evoluir e acredito que é por
causa da troca entre eles."
O grupo também realiza bazares.
O dinheiro é usado para financiar
passeios em parques ou shopping
centers.
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