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Do voto nas mulheres e do poder das macacas 2
MARILENE FELINTO
da Equipe de Articulistas
Enquanto os machos, no comando do mundo, sacam de
seus pênis para comer suas
amantes com a mesma facilidade com que sacam de mísseis para devorar um inimigo
inferior, as fêmeas assistem.
As fêmeas são tão inferiores
na sociedade dos humanos
quanto o inimigo negro é militarmente inferior no Sudão ou
no obscuro Afeganistão. As
mulheres são tão inferiores no
Ocidente quanto no Afeganistão do obscurantismo religioso
do Taleban, onde vivem escondidas dos pés à cabeça, por trás
de panos e véus, sem direitos.
Décadas de feminismo não
passam de uma gota num
oceano de dominação masculina. As fêmeas humanas são
tão inferiores que até mesmo a
mulher do homem mais poderoso do mundo faz papel de
idiota -Hillary Clinton, a
"esposa" traída, mas disposta
ao sacrifício pela preservação
da "integridade" da família.
Mas e o poder da amante?
Não foi ela a causa mesma do
míssil lançado, espécie de Helena de Tróia do império americano? Poder nenhum tem a
amante, que não passa de outra idiota, usada pelo poderio
político-partidário dos machos
americanos -outra coitada,
vítima do coito, literalmente,
que ficou ridicularizada e só.
O que estraga os humanos é
a família nuclear (estrutura
tão sedimentada no inconsciente culpado que até os homossexuais, que seriam exceção, não se constrangem de
imitar), o egoísmo e a hipocrisia do casal, a moralização do
sexo, a pecabilidade do sexo
-essa idéia começou a ser discutida na minha coluna anterior.
Lá eu dizia -parodiando
não sei quem- que, quanto
mais se observa a sociedade de
certos macacos, mais desprezível parece a sociedade humana. Os macacos são os bonobos, que descobri em palestra
do médico Drauzio Varella.
Os bonobos, criaturas descobertas pelos primatologistas
apenas em 1929 (até então
eram confundidos com os
chimpanzés), formam uma
inédita sociedade pacífica, sob
domínio das fêmeas, sem família nuclear, que faz das relações sexuais um meio de dissipar a agressividade.
Exemplo: os cientistas jogaram uma caixa de papelão no
ambiente em que esses macacos eram observados. Pois os
bonobos que se aproximaram
da caixa deram uma copulada
rápida antes de brincar com
ela (macho com fêmea, macho
com macho, fêmea com fêmea,
eles admitem todos os tipos de
acasalamento sexual). Situações como essa, os etólogos
apontam, costumam levar a
disputas e brigas na maioria
das outras espécies de macacos
-nas quais, é bom repetir, o
domínio está com os machos.
É como se os bonobos fossem
nosso elo perdido com o paraíso, é bom repetir. Nem mesmo
entre os índios (que alguns
usam como exemplo de sociedade harmônica) há mulheres
caciques ou pajés.
Entra eleição, sai eleição, e o
eleitorado brasileiro -composto de 50,20% de machos e
49,57% de fêmeas- não consegue eleger senão uma minoria inexpressiva de mulheres.
Os escolhidos serão os ajegalhados de sempre, uns brutos,
de inteligência rudimentar,
treinada apenas nos ofícios da
sacanagem e do roubo.
E-mail: mfelinto@uol.com.br
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