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SAÚDE
Técnica de radioterapia bombardeia foco da doença com maior precisão e já foi usada com sucesso em tumor benigno
'Cirurgia sem corte' ataca câncer no cérebro
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
A radioneurocirurgia, chamada
de "cirurgia sem corte"', é hoje
uma das esperanças no combate
ao câncer no cérebro, segundo especialistas reunidos no 17º Congresso Mundial de Oncologia, que
acontece no Rio.
Nos últimos dez anos, essa técnica foi usada com sucesso contra
tumores benignos. Agora, passou
a ser empregada contra o câncer.
Na radioneurocirurgia, a cabeça
do paciente é fixada em um aparelho, e o tumor cerebral é reconstituído em três dimensões em um
programa de computador.
O aparelho tem um arco que
contorna a cabeça, de onde saem
raios finíssimos que vão diretamente ao tumor.
A técnica é melhor que a radioterapia normal por ser mais precisa.
Na radioterapia normal, é como se
os raios emitidos matassem as células do tumor, só que atingindo
também outros tecidos, que não
estão com a doença.
Na neurocirurgia, a precisão do
computador e a forma como os
raios são emitidos permitem que
todo o tumor seja atingida e prejudicando menos outros tecidos.
No congresso do Rio, os especialistas não apresentaram números,
mas sustentaram que, na maioria
dos casos benignos tratados, a
neurocirurgia conseguiu impedir
o crescimento do tumor.
"Com a radioneurocirurgia,
conseguimos atacar o tumor em
toda a sua extensão, sem afetar
tanto as partes normais do cérebro", afirma Hélio Lopes, diretor
de Neurocirurgia do Instituto Nacional de Câncer, no Rio.
A técnica tem outras vantagens,
segundo Lopes. A radioneurocirurgia permite dar cargas de radiação três ou quatro vezes maiores
que as do tratamento usual. Com
isso, há menos sessões de irradiação e menos efeitos colaterais.
O tratamento radioterápico tradicional pode provocar radiodermite (uma espécie de queimadura
na pele), queda de cabelo e morte
dos tecidos irradiados.
Para avaliar os resultados da
neurocirurgia, os especialistas
precisam esperar dez anos -tempo em que se pode conferir se um
tumor que se julgava extinto não
vai voltar a crescer, por exemplo.
A radioneurocirurgia é mais indicada em pacientes que não reagiriam bem à cirurgia tradicional
-pacientes com problemas cardiovasculares, por exemplo.
Outra inovação no combate a tumores cerebrais é a quimioterapia
localizada. Normalmente, tumores cerebrais não reagem ao tratamento com substâncias químicas,
porque o medicamento entra na
corrente sanguínea, mas não consegue penetrar no cérebro.
Na quimioterapia localizada, é
feita cirurgia para tirar tecido com
câncer e colocado medicamento
nesse ponto. A partir daí, a substância se dissemina pelo cérebro.
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