São Paulo, terça, 25 de agosto de 1998

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VIOLÊNCIA
Grupo armado faz arrastão e rouba aparelhos de som e TV; vítimas foram atacadas em campo de futebol
Gangue mata 3 e fere 2 em Pernambuco

VANDECK SANTIAGO
da Agência Folha, em Recife

A Secretaria da Segurança Pública de Pernambuco organizou ontem uma operação especial para tentar prender uma gangue que, na tarde do último sábado, matou três pessoas e deixou duas feridas em Abreu e Lima, região metropolitana de Recife.
A operação envolve policiais civis de pelo menos quatro delegacias, além do apoio da PM.
Os crimes ocorreram no bairro de Caetés 3, periferia da cidade. Segundo testemunhas, a gangue era formada por 15 a 20 pessoas, algumas delas armadas com revólver e espingarda.
A gangue fez uma uma espécie de arrastão no bairro e teria levado aparelhos de som e TV de pelo menos uma residência.
Em depoimentos à polícia, testemunhas disseram que os membros da quadrilha eram jovens e que cobriam o rosto com a camisa.
Até as 18h de ontem ninguém havia sido preso, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
O delegado de Abreu e Lima, Josedite Ferreira, 50, que comanda as investigações sobre o caso, disse que alguns integrantes da quadrilha já foram identificados e podem ser presos até o final da semana.
"Temos informações de que entre eles existem alguns que são adolescentes."
A polícia trabalha com a hipótese de que a gangue roubou para comprar drogas.
O primeiro ataque ocorreu em um campo de futebol improvisado no bairro, onde dez moradores do lugar estavam jogando.
Os integrantes da gangue mandaram que todos se deitassem no chão, com o rosto voltado para baixo, e passaram a chutar alguns deles e a pedir dinheiro, conforme as testemunhas.
Duas pessoas foram mortas no local. Rodolfo José da Silva, 21, que estaria deitado ao ser atingido, e o aposentado por invalidez Ladécio dos Santos, 27, que teria corrido para tentar fugir.
Duas outras foram feridas: o pintor de paredes Liomerque Almeida dos Santos, 21, irmão de Ladécio, e o pedreiro Aílton da Silva Almeida, todos alvejados a tiros.
Em seguida a gangue teria ordenado que as pessoas deitadas tirassem a roupa e pulassem dentro de um rio que fica a poucos metros do local.
Depois disso, a gangue iniciou um arrastão na rua 40, quando teriam invadido pelo menos uma casa e levado um aparelho de som e outro de TV.
Francisco de Assis Silva, 16, morreu ao tentar impedir que os assaltantes entrassem em sua casa. Ele foi atingido por dois tiros de revólver no pescoço.
"Um cara correu para arrombar a porta, mas meu filho conseguiu fechá-la antes. Aí a gente só escutou os tiros", disse o pai do rapaz, José Medeiros da Silva Filho, 49.



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