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Subsolo revela "rede de fuga' de presos
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
O peso de uma camionete foi suficiente para que parte do piso da
garagem de um prédio que fica ao
lado do 6º DP, no Cambuci (região
central de São Paulo), cedesse e revelasse que o acidente foi causado
por túneis construídos para a tentativa de fuga de presos -cuja
carceragem é separada apenas por
um muro do subsolo do edifício.
O acidente ocorreu no último
dia 8, três dias depois que a Administração Regional da Sé determinou a interdição e a "desocupação total" da delegacia.
O piso do Condomínio Edifício
Cleo e Luce ruiu quando a camionete fazia manobra na garagem.
"O carro afundou e resolvemos
ver o que tinha causado o desmoronamento do piso. Aí encontramos túneis que vinham da direção
da delegacia", disse o manobrista
Ronaldo Primo. Os túneis foram
encontrados em uma área de 180
m2 abaixo do piso removido.
O advogado e morador do prédio Cristiano de Souza Oliveira
disse que de um dos túneis foram
retirados fios com lâmpadas e um
ventilador.
Desde o início do ano, 22 presos
fugiram em cinco ocasiões do 6º
DP. O último incidente aconteceu
na última sexta-feira, quando um
preso tentou fugir por uma corda.
Segundo a síndica do edifício,
Laurinha Soares Alves, em 96, 22
presos fugiram do 6º DP por um
túnel que desembocou no subsolo
do prédio. Alguns detentos chegaram a tomar banho na torneira da
garagem.
A carceragem do 6º DP sobrevive a uma série de ações que contestam a sua permanência.
Em 5 de junho de 97, o Ministério Público pediu a "imediata e
permanente interdição" das celas.
O então juiz-corregedor dos DPs
da capital, Francisco José Galvão
Bruno, havia decretado, em 23 de
setembro de 97, a interdição da
carceragem da delegacia.
Um dos argumentos do juiz-corregedor foi um parecer do próprio
Deplan (Departamento de Controle e Planejamento da Polícia Civil) que conclui que "tecnicamente não existia possibilidade de solução satisfatória do problema das
instalações do DP". "Sugerimos,
portanto, que as referidas celas sejam desativadas", diz o parecer.
No último dia 6, a advogada do
condomínio, Regina Kerry Picanço, encaminhou à Corregedoria
Geral de Justiça de São Paulo um
pedido para que a decisão do
juiz-corregedor fosse cumprida.
A assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública informou que, nos próximos dias,
os presos serão transferidos para
os novos presídios do interior.
A secretaria vai fazer uma avaliação dos danos causados pelos túneis para decidir que tipo de reforma fará na carceragem, que deverá abrigar presos universitários e
com prisão administrativa.
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