São Paulo, terça, 25 de novembro de 1997.



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ADMINISTRAÇÃO
Problema atinge distribuição de medicamentos à população carente em postos municipais e estaduais
Faltam remédios na rede pública de SP

PRISCILA LAMBERT
RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local

Uma série de medicamentos básicos e especiais para a população carente está em falta em hospitais e postos de atendimento médico municipais e estaduais da cidade de São Paulo.
A Folha percorreu quatro postos de atendimento médico da rede estadual na capital -que fazem a distribuição dos remédios para a população carente cadastrada- e constatou que pelo menos cinco medicamentos de alto custo (acima de R$ 50) não estão sendo encontrados. Alguns não são entregues aos postos há pelo menos dois meses.
Os medicamentos de alto custo são destinados a doenças complexas (câncer e insuficiência renal, por exemplo). Sua falta pode causar complicações no quadro dos pacientes (leia texto abaixo).
Os PAMs (Postos de Assistência Médica) visitados -PAM Centro, PAM Consolação, PAM Várzea do Carmo e Centro de Saúde Vila Mariana- também apresentam grande carência de medicamentos básicos e de baixo custo.
"Não dá para lembrar de todos os que estão em falta. Pelo menos 300 pessoas diariamente vêm buscar um remédio e saem de mãos abanando", disse um funcionário da farmácia do PAM Consolação, que não quis se identificar.
Um questionário aplicado pelo Sindsaúde (Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo) em 32 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da rede estadual mostra resultados semelhantes: 22 UBSs responderam que há ausência de pelo menos dois medicamentos. Outras cinco indicaram falta de todos os medicamentos.
Rede municipal
No caso da prefeitura, a carência de medicamentos deve-se à falta de verbas, segundo direção e funcionários de unidades de saúde visitadas pela Folha ontem, em companhia de integrantes do Movimento de Saúde da Zona Leste.
A reportagem visitou quatro unidades do PAS em Ermelino Matarazzo, com uma lista de 93 medicamentos básicos. Nenhum dos postos dispunha de todos os itens.
Em uma delas, o PAS Dr. Pedro de Souza Campos, dos 93 medicamentos, apenas 12, ou 15% da lista, estavam disponíveis para atendimento do público.
No PAS Paranaguá, os itens em falta somavam um terço da lista, ou 33 medicamentos.
Segundo apurou a Folha, a direção dos postos credita o problema à falta de verba do módulo Ermelino Matarazzo, que abastece as unidades.
A previsão é que a situação seja normalizada até janeiro. Os outros postos visitados foram Dr. Pedro José Nunes e da Vila Jacuí.



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