São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

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Carnaval 2009

Salgueiro é campeão após 15 Carnavais

Com 399 dos 400 pontos possíveis, a escola de samba da Tijuca superou a Beija-Flor, segunda colocada, por um ponto

Enredo campeão, sobre o tambor, era cheio de influências africanas, uma marca do Salgueiro; Portela ficou em terceiro lugar

Rafael Andrade/ Folha Imagem
Multidão comemora título da campeã do Carnaval 2009 na quadra do Salgueiro, no bairro da Tijuca, na zona norte do Rio; essa é a nona vitória da história da escola, que ficou 15 anos sem vencer

LUIZ FERNANDO VIANNA
PEDRO SOARES

DA SUCURSAL DO RIO

Após 15 Carnavais sem vencer no Rio, o Salgueiro conquistou ontem o nono título da sua história com um samba-enredo sobre o tambor e repleto de influências africanas, uma das principais marcas da escola.
Com 399 pontos -dos 400 possíveis-, a vermelha-e-branca da Tijuca superou a Beija-Flor, segunda colocada, por um ponto. Na terceira colocação ficou a Portela, com 397,9 pontos. A quarta escola mais bem colocada foi a Vila Isabel. Vice-campeão de 2008, o Salgueiro venceu com um desfile que retratou o tambor desde a sua origem, na pré-história. O carnavalesco da escola, Renato Lage, conquistou seu quarto campeonato -os três anteriores foram na Mocidade Independente de Padre Miguel- com um desfile que mesclou elementos mais futuristas com influências africanas.
O resultado agradou aos jurados e recuperou parte da história da escola, famosa nos anos 1960 e 1970 por seus enredos "afro", com os quais venceu os desfiles em 1960 ("Quilombo dos Palmares"), 1963 ("Chica da Silva"), 1969 ("Bahia de todos os deuses") e 1971 ("Festa para um rei negro"). Todos foram desenvolvidos, sozinhos ou em dupla, pelos carnavalescos Arlindo Rodrigues e Fernando Pamplona -do qual Lage é discípulo, tendo começado com ele no próprio Salgueiro em 1977. O título veio na esteira de uma reformulação da diretoria iniciada há três anos, que marcou a saída da família Paes Garcia -que era patrona da agremiação- da escola depois da morte do bicheiro Maninho.
Eleita no ano passado, a presidente Regina Duran sucedeu a seu marido, Luiz Augusto Duran, o Fu. "Devo esse título à união da escola. O diferencial foi o amor e a garra", afirmou a presidente da escola. O intérprete Quinho ressaltou a importância do carnavalesco Renato Lage. "O Salgueiro é o caldeirão. O caldeirão do Renato Lage, o mago da Academia [alcunha pela qual o Salgueiro é conhecido]", afirmou o intérprete.
Quinho também era o intérprete da escola em seu último título, puxando o memorável samba-enredo "Peguei um Ita no Norte", de 1993. A comemoração do título de 2009 atraiu aproximadamente 8.000 pessoas à quadra da escola ontem à noite.

Quesito a quesito
Segunda colocada, a Beija-Flor de Nilópolis sofreu um baque logo no segundo quesito, enredo: perdeu nove décimos e ficou distante do tricampeonato. Mas, quando a Vila Isabel também teve nove décimos descontados em enredo, o intérprete Neguinho da Beija-Flor se animou. O Salgueiro, no entanto, só perdeu três décimos em conjunto e evolução, apesar de um buraco ter se formado quando o terceiro carro enfrentou problemas para entrar na avenida.
"Saber perder também é uma virtude. O Salgueiro fez um excelente desfile e mereceu a vitória", disse Neguinho. "Não era o resultado que esperávamos. Vocês têm que falar com os jurados para saber o que eles viram", queixou-se o presidente da Vila, Wilson Vieira Alves, o Moisés. A Portela e a Mangueira comemoraram muito o terceiro e o sexto lugares, respectivamente, já que não estavam tão bem cotadas. A Grande Rio ficou em quinto e completa o grupo de escolas que participará do Desfile das Campeãs, no sábado.


Colaborou ANDRÉ ZAHAR , da Sucursal do Rio



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