São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2004

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SEGURANÇA

Dados são dos primeiros bimestres de 2003 e 2004; criminosos costumam ameaçar lojistas e donos de escolas

Casos de extorsão crescem 250% no Rio

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Os casos de extorsão no Rio cresceram 250% nos dois primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período de 2003.
Segundo estatísticas da Secretaria Estadual de Segurança Pública, em janeiro e fevereiro foram registrados 182 casos no Estado contra 52 no mesmo período do ano passado. O crime não está entre os dez mais importantes listados pela secretaria.
Comparando os anos de 2002 (375 ocorrências) e 2003 (711), o aumento também foi grande (90%). O mês de outubro de 2003 foi o que registrou o maior número de casos desde 1998 (121).
Um dos responsáveis pela elaboração das estatísticas, delegado Rivaldo Barbosa, afirmou que a extorsão pode ser praticada de várias formas, não existindo um modo de atuação específico.
Segundo ele, considera-se extorsão o que passou a ser chamado seqüestro relâmpago. Isso acontece quando uma pessoa é abordada por outra em um determinado local e obrigada a ir até um caixa eletrônico para sacar dinheiro e entregar a quem está lhe ameaçando. Casos de extorsão cometidos por policiais e funcionários públicos também são incluídos nas estatísticas.
A polícia acredita que o aumento dessas ocorrências tenha relação com uma prática nova de crime: a de pessoas que ligam para estabelecimentos comerciais e escolas fazendo ameaças em troca de dinheiro ou cartões telefônicos de celulares pré-pagos.
Investigação concluída no início deste ano pelo Ministério Público Estadual descobriu que presos das cadeias fluminenses praticavam extorsões de dentro das celas, até mesmo para comerciantes de outros Estados. Desde outubro passado, foram 27 casos, segundo gravações telefônicas feitas com aval judicial. Doze presos foram denunciados pelo crime.
Os detentos se faziam passar por traficantes de drogas e ameaçavam depredar ou metralhar lojas, invadir a casa das vítimas e matar seus parentes se não tivessem as exigências atendidas.
Exigia-se das vítimas que comprassem cartões telefônicos para recarregar celulares pré-pagos. Nas conversas, eles obrigavam as pessoas a fornecer os códigos ou, então, indicavam um endereço para buscar os cartões.
O empresário Daniel de Plá confirmou que uma loja da De Plá, em Copacabana (zona sul), recebeu a ameaça por telefone. "Tivemos que mudar o gerente da loja porque ele recebia os telefonemas e se sentiu ameaçado."
O presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Rio, José Teixeira, afirmou que, no ano passado, pelo menos 15 estabelecimentos sofreram tentativa de extorsão por telefone. "As escolas receberam ligações de pessoas dizendo que explodiriam uma bomba ou que impediriam a entrada de alunos", afirmou.
Para Rivaldo Barbosa, os traficantes de drogas são os principais responsáveis pelo aumento no número de casos de extorsão.
"A repressão ao tráfico está muito intensa. Com isso, os traficantes estariam utilizando uma nova modalidade de crime."


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