São Paulo, domingo, 26 de março de 2006

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SAÚDE/ALIMENTAÇÃO

Ela é comum em produtos industrializados; colesterol e gordura saturada também ameaçam

Gordura trans é a mais perigosa para o organismo

CONSTANÇA TATSCH
DA REDAÇÃO

Batata frita, biscoito recheado, torta e churrasco. Resistir a essas delícias não é fácil, mas elas têm um custo para o organismo. Diferentes tipos de gordura, associadas ao colesterol, estão por trás dos rótulos e agravam os casos de obesidade e doenças cardíacas.
A maior vilã da atualidade é a gordura trans, comum em produtos industrializados. Produzida em um processo químico chamado hidrogenização, que transforma o óleo vegetal líqüido em gordura sólida, ela é muito usada pela indústria pois deixa os alimentos mais saborosos, duradouros e com melhor consistência.
Para o consumidor, porém, a gordura trans não traz nenhum benefício. "Ela é bastante perigosa. O ideal é não consumir porque não há recomendação diária para isso", afirma a professora titular da Esalq e presidente da Associação Brasileira de Alimentos Funcionais, Jocelem Salgado. O principal problema dessa gordura é que além de aumentar o colesterol ruim (LDL), como a saturada, ela diminui o bom (HDL).
A gordura trans não deve representar mais do que 1% das calorias diárias ingeridas. Ou seja, numa dieta de 2000 calorias, 2,2 g. No Brasil, a média é de 3%, ou 6,6 g -uma porção grande de batata frita de fast-food ou quatro biscoitos recheados. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) exige que, a partir de agosto, elas sejam discriminadas nos rótulos.
Outros inimigos do organismo são a gordura saturada, que pode ter origem animal ou vegetal, e o colesterol -substância produzida pelo nosso organismo, também presente em produtos de origem animal. No corpo, o colesterol se associa à gordura, é transportado pelo sangue, e se aloja nas artérias, podendo causar derrames ou infartos. A alimentação inadequada, aliada ao sedentarismo, gera doenças. Cerca de 70% dos brasileiros têm obesidade abdominal, a mais perigosa. "A obesidade abdominal aumenta em 60% o risco de infarto. É hoje o grande foco dos cardiologistas", diz Álvaro Avezum diretor da Divisão de Pesquisa do Dante Pazzanese e diretor da SBC-Funcor.
Estudo com 32 mil pessoas em 52 países mostra que consumir diariamente frutas e verduras reduz em 30% a chance de infarto.
É o fim dos prazeres à mesa? Não necessariamente. "É importante pensar na alimentação como um todo. O que vale é o dia-a-dia. O fast-food não é proibido, desde que não seja freqüente", afirma Miyoko Nakasato, nutricionista-chefe do Serviço de Nutrição e Dietética do Incor.


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