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EDUCAÇÃO
Projeto da Prefeitura de Belo Horizonte e do Unicef reduz trabalho infantil e aumenta frequência à escola
Programa tira crianças do trabalho de rua
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Em três anos, um programa piloto da Prefeitura de Belo Horizonte
conseguiu que 92% das crianças e
adolescentes de 7 a 14 anos de Belo
Horizonte que mendigavam ou
trabalhavam nas ruas deixassem
de fazê-lo.
O "Programa de Criança: Brincar
e Estudar" foi promovido junto
com a Amas (Associação Municipal de Assistência Social) e o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Criança) do início de 96 até o
final do ano passado. Um livro sobre a experiência foi lançado ontem em Belo Horizonte.
Durante o período de atuação do
programa, as famílias das crianças
e adolescentes receberam uma
bolsa mensal de R$ 100.
Em contrapartida, eles tinham
de apresentar frequência às aulas
de 90% e, nas horas restantes, recebiam orientação pedagógica e participavam de brincadeiras organizadas pela comunidade.
Essas crianças e adolescentes trabalhavam muitas vezes por mais
de oito horas e, à noite, saíam para
vender produtos, como flores ou
amendoim torrado, nos bares da
cidade, voltando para casa só de
madrugada.
Em consequência, em 95, 40%
deles não conseguiam frequentar a
escola e, os que o faziam, apresentavam baixo aproveitamento por
causa do cansaço e do sono.
Ao final do programa, 98% das
crianças que ainda estavam sendo
atendidas apresentaram frequência escolar de mais de 90%.
A coordenadora do programa, a
psicóloga social Elizabeth Vieira
Gomes, afirma que a bolsa de R$
100 não foi a única razão para a
adesão das famílias ao programa,
porque, em época de festas natalinas, por exemplo, algumas crianças e adolescentes ganhavam até
mais do que isso.
Ao contrário de outros projetos
que atuam apenas sobre as crianças e adolescentes em estado de
risco, o "Programa de Criança"
prestou assistência também aos
pais e irmãos, tentando devolver
para os adultos a responsabilidade
pelo sustento da casa.
Com isso, 1.500 crianças e adolescentes receberam acompanhamento escolar, 200 adolescentes
entre 14 e 18 anos foram encaminhados a cursos profissionalizantes e 150 adultos receberam capacitação profissional.
Uma pesquisa inicial identificou,
em 95, que havia 545 crianças e
adolescentes, na faixa etária atendida, trabalhando ou pedindo esmolas nas ruas centrais de Belo
Horizonte. Deles, 363 moravam
efetivamente na capital mineira.
Por indicação dos conselhos tutelares da criança e adolescência e
das escolas públicas da cidade, foram incluídas mais 150 famílias
com crianças que trabalhavam na
periferia da cidade ou em afazeres
domésticos, totalizando 500 famílias atendidas.
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