São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2001

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ACIDENTE

Todos os passageiros morreram queimados após aeronave cair sobre o telhado de uma fábrica em Barueri

Queda de helicóptero mata 4 na Grande SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Um helicóptero com quatro pessoas caiu sobre o telhado de uma fábrica, ontem, em Tamboré (região de Barueri), na Grande São Paulo, matando todos os passageiros. A aeronave despencou logo após a decolagem sobre um barracão onde trabalham cerca de 250 operários em uma linha de montagem de compressores.
Morreram queimados o empresário do setor de plástico Túlio Mecene, 52, o único filho dele, Rodrigo Mecene, 22, e dois funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos -Francisco César Messina Calderon, 32, gerente do setor de encomendas de São Paulo, e Luís Shigueo Agata, 37, funcionário da mesma área.
Ninguém da fábrica Atlas Copco se feriu. O helicóptero atingiu um corredor de passagem no setor de estoque, não a linha de montagem, no horário em que a maioria dos empregados está do lado de fora, almoçando.
O empresário, Túlio, dono da aeronave havia pelo menos oito anos, estaria no comando do aparelho no momento do acidente.
Segundo amigos, ele pilotava com frequência, principalmente nos finais de semana, quando costumava ir com a família e amigos para o interior do Estado.
O helicóptero Bell 206, conhecido como Jet Ranger, decolou do Hangar Alphaville, em Barueri, por volta das 13h40, distante 500 metros do local onde ele caiu. Os quatro iriam almoçar fora da Grande São Paulo, provavelmente em Jundiaí (60 km de São Paulo), afirmaram amigos.
Cerca de 30 segundos após sair do chão, ainda com pouca altitude, a aeronave teve uma pane, fez uma curva acentuada para a direita e atingiu o telhado da fábrica.
Atrás da empresa há um heliponto que serve aos moradores de Tamboré, onde Túlio, provavelmente, tentaria um pouso de emergência. ""O helicóptero veio caindo de lado, foi direto para a fábrica e subiu a fumaça", disse o motorista Francisco Célio Simões, funcionário público que trabalhava em uma obra em frente ao local do acidente.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, não houve explosão. O combustível do aparelho fez com que uma ""bola de fogo" tomasse conta dele, atingindo as paredes e o telhado do prédio.
O local foi evacuado e a própria brigada de incêndio da empresa de compressores deu o primeiro combate ao incêndio. Do helicóptero, com capacidade para cinco pessoas, sobraram apenas peças retorcidas e partes que lembram um motor espalhadas pelo chão.
""Ele me chamou para ir junto, mas não quis porque já tinha almoçado. Estava esperando ele voltar para uma reunião", afirmou o empresário João Bosco Lopes, 54, amigo de Túlio. Os dois conversaram 15 minutos antes da decolagem do hangar.
Ontem, peritos do Instituto de Criminalística e do DAC (Departamento de Aviação Civil) estiveram na fábrica recolhendo partes do helicóptero para tentar avaliar as causas do acidentes.
""Por enquanto é prematuro afirmar o que houve", disse ontem o major Carlos Henrique Nogueira, oficial de segurança de vôo do Serac-4 (Serviço Regional de Aviação Civil).
O comandante Hamilton Alves da Rocha, piloto de helicóptero e amigo de Túlio, disse que o empresário era experiente e fazia com frequência manutenção no aparelho que caiu. ""Se tivesse conseguido ir um pouco mais adiante, com certeza, ele teria descido em um terreno vazio."
O IML (Instituto Médico Legal) precisaria fazer exame de arcada dentária para identificar o corpos, que ficaram carbonizados.


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