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UnB veta 4,8% dos que concorreram às vagas do programa de cota racial
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A UnB (Universidade de Brasília) divulgou ontem a relação dos
candidatos selecionados para disputar vaga no vestibular de junho
dentro da cota para negros. Dos
4.385 estudantes que pediram o
benefício, 212 (4,83%) não foram
selecionados para o programa,
inédito na história da instituição.
A universidade federal oferecerá no próximo vestibular, em 61
cursos, 1.994 vagas -20% delas
serão reservadas para negros. Ou
seja, 23.217 candidatos inscritos
irão disputar 1.602 vagas, uma relação média de 14,5 candidatos
por vaga. Já os selecionados para
as cotas (4.173) disputarão 392 vagas, ou 10,6 candidatos por vaga.
Para Mauro Rabelo, diretor acadêmico da entidade responsável
pelo vestibular da universidade,
os candidatos excluídos não foram classificados como negros.
"Eram brancos. Nosso critério é
a cor de pele. Alguns entenderam
que seriam selecionados pela ascendência. Outros tiveram má-fé,
"se colar, colou'", afirmou. A UnB
fotografou os candidatos que se
declararam aptos a concorrer
dentro da política de cota racial.
Segundo ele, já era esperada
uma rejeição de 5% dos pedidos.
A universidade aceitou que pessoas de cor parda se declarassem
negras no processo de seleção.
Segundo estudo realizado em
2002, cerca de 2% da população
estudantil da universidade se declara negra. Não há, porém, uma
estatística de quantos são pardos.
Segundo o Instituto Nacional de
Pesquisas Educacionais (Inep),
do Ministério da Educação, os negros são 3,6% dos alunos que se
formam no ensino superior e os
pardos, 20,4%. A pesquisa é baseada nas respostas de 430 mil estudantes, de 26 áreas, que fizeram
o Provão em 2003. Nas universidades federais, informa o Inep,
4,4% são negros e 30,3%, pardos.
No país, segundo o Censo 2000
do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), 6,21% da
população é negra. Somando-se
os pardos, o índice sobe para 45%.
"A seleção para disputar a cota
de negros não acaba com a ansiedade. Ainda temos a prova para
fazer, e os concorrentes também
estão estudando", afirma Larissa
Leite Macedo, 18, que disputa vaga em direito. "O resultado da cota dá mais alegria para estudar. É
uma primeira vitória", diz Amanda Santos Veloso, 17, que concorre a uma vaga em agronomia.
Marcelo Antônio da Silva, 21, que
fez o ensino médio público, disse
que as cotas são uma oportunidade para quem não teve acesso a
uma educação de qualidade.
Quem não foi selecionado para
concorrer à cota pode apresentar
recurso amanhã ou na sexta, mas
terá de apresentar um documento
oficial para comprovar a cor.
Entre 26 e 27 de junho, todos os
concorrentes farão o vestibular.
Eles serão então classificados por
nota. Para quem está no sistema
de cotas, primeiramente será analisada a posição nas vagas separadas para o programa. Se já estiverem ocupadas por alunos com
notas maiores, ele automaticamente passa para a triagem geral.
"A idéia é que, a cada 10 vagas, 2
sejam para negros. O programa
de cotas condiz com a função social que a universidade pública
deve ter", afirmou Dione Moura,
relatora do projeto que deu origem ao programa de cotas.
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