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Controladores não usam mais radar no AM
Operadores do Cindacta-4, em Manaus, alegaram problema no radar e passaram a monitorar vôos apenas por meio de rádio
Eles alegam proliferação de alvos falsos no radar; FAB nega e diz que serviço de vigilância radar é prestado com total segurança
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Controladores de tráfego aéreo passaram, há cerca de um
mês, a monitorar vôos sem o
uso de radares no Cindacta-4
(Centro Integrado de Defesa
Aérea e Controle do Tráfego
Aéreo), o centro de Manaus
responsável pelo espaço aéreo
da região amazônica e que integra o projeto Sivam (Sistema de
Vigilância da Amazônia).
Eles alegam que há proliferação de "alvos falsos" e informações incorretas sobre os aviões
nas telas. A FAB (Força Aérea
Brasileira) afirma, por meio do
centro de comunicação social,
que não há problemas com o
funcionamento de radar no
Cindacta-4 e que as queixas de
controladores motivaram uma
análise técnica da situação.
Mas, para controladores ouvidos pela Folha, a vigilância
por radar nessas circunstâncias apresenta risco à segurança aérea. Sem o uso de radar, o
controle aéreo é feito por rádio
e há um maior distanciamento
entre os aviões -isso reduz a
quantidade de vôos simultâneos numa região.
Em reação às queixas de falta
de segurança e confiabilidade
do sistema, o Cindacta-4 emitiu o "AVOP 002", um aviso
operacional com ordens sobre
o uso do mecanismo de vigilância por meio de radar.
O aviso começa afirmando
que o serviço radar deve ser
suspenso em caso de "falha de
detecção radar" em algumas
áreas, mas caberá ao supervisor de equipe avaliar a manutenção dessa suspensão e avisar o oficial chefe de sala.
Ordem
No item 2 do documento, a
ordem é manter a vigilância por
radar mesmo quando há "duplicação de alvos radar e variações de proa e/ou velocidade"
-porém, não se deve fazer "vetoração" (orientar pilotos na
navegação).
O documento também dita
que, em algumas áreas definidas pela Força Aérea Brasileira,
o serviço por radar pode ser
suspenso para uma determinada aeronave, em caso de perda
de detecção ou dados. Mas afirma, entretanto, que não há impedimento para continuar a vigilância por radar para as demais aeronaves nos mesmos
"espaços aéreos" onde aconteceu o problema.
Dúvida
O aviso operacional permite
que os controladores, em um
caso no qual tenham "dúvida",
aumentem a distância existente entre aeronaves -mesmo
procedimento da operação não
realizada por radar.
"Nos casos em que o controlador tenha dúvidas com relação a uma separação radar durante a prestação de serviço de
vigilância radar, a separação radar horizontal prevista no modelo operacional do órgão deverá ser substituída por uma
separação vertical", diz o texto.
Para os controladores, que
pedem anonimato, a situação
no Cindacta-4 é preocupante.
De acordo com eles, os alvos
falsos são motivo de tensão
porque nem sempre está claro
quais são aeronaves de verdade. Sinais podem surgir de repente e permanecer na tela ou
voltar a sumir.
Eles consideram que não podem ser responsáveis, subjetivamente e individualmente,
pela decisão sobre os casos específicos de "dúvidas". Também sustentam que, se os dados nas telas de radar não são
confiáveis para vetoração, não
deveriam ser para a vigilância
radar também. Argumentam o
mesmo a respeito de vigiar algumas aeronaves por meio dos
radares, mas não os demais no
mesmo setor.
Imagens
Em uma tela radar fotografada e enviada à reportagem, há
aglomerados de "alvos falsos"
que se confundem visualmente
com aviões reais. A FAB contesta essas imagens.
O Cindacta-4 foi formalmente criado em janeiro de 2006,
mas a vigilância de vôos já
acontecia antes disso. A instalação de radares na região amazônica começou em 1992. Ganhou ímpeto com o projeto Sivam a partir de 2002 e em 2005
já estavam funcionando 25 radares para a região.
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