São Paulo, sábado, 26 de maio de 2007

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Em 2 anos, SP terá autonomia para produzir hemoderivados

Esse é o prazo de construção da fábrica; obras começam no segundo semestre

A unidade, no Instituto Butantan, terá custo de R$ 30 milhões e fará o Estado ficar livre de importações de medicamentos do tipo

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em dois anos, o Estado de São Paulo deverá ser auto-suficiente na produção de hemoderivados e, assim, ficará livre das importações. Isso porque o início da construção da primeira fábrica brasileira de produtos obtidos a partir do fracionamento do plasma sangüíneo (como albuminas, imunoglobulinas e fatores de coagulação, usados para tratar hemofilia, hemorragias e queimaduras graves, por exemplo) está prevista para ter início no segundo semestre deste ano.
Instalada no Instituto Butantan, a fábrica de 1.000 m2 tem custo estimado em R$ 30 milhões. O valor será dividido entre os governos federal e estadual. "Será nossa independência", afirma Isaias Raw, presidente da Fundação Butantan. "Essa fábrica é estrategicamente importante porque não dependeremos totalmente mais de outros países."
Hoje, o Brasil importa todos os hemoderivados da Europa. De acordo com a assessoria do Ministério da Saúde, não é possível informar a quantidade de importação de albumina e imunoglobulina porque ela é feita diretamente pelos hospitais. O que se sabe é que, anualmente, o Brasil gasta R$ 300 milhões com esses produtos.
Já os fatores 8 e 9 (proteínas necessárias para a coagulação do sangue) são comprados pelo ministério. Por ano, são gastos cerca de R$ 248 milhões em 236 milhões de unidades. O Estado de São Paulo consome cerca de 50% do total da importação, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.

Processo moderno
De acordo com Raw, para obter os hemoderivados, a nova fábrica usará o processo de cromatografia, o mais moderno do mundo, e processará inicialmente 150 mil litros de plasma por ano. "Isso será suficiente para todo o Estado."
A tecnologia será comprada de uma empresa da Suécia, de onde também serão importados equipamentos e resinas. "A fábrica se pagará em dois anos e resultará em economia nos gastos de Saúde", diz. "E, além dessa unidade no Butantan, ainda comportamos pelo menos mais umas quatro no país."
Além da fábrica de hemoderivados, o Instituto Butantan desenvolverá uma vacina contra a gripe aviária. O instituto foi escolhido pela Organização Mundial de Saúde para receber US$ 2,16 bilhões nos próximos 12 meses a serem utilizados nesse trabalho.
"Esse é mais um movimento para nossa independência", afirma Raw. "Se o mundo passar por uma pandemia dessa doença, teremos vacina aqui."
A gripe, provocada pelo vírus H5N1, atinge principalmente aves, mas pode ser transmitida de animais para humanos pelo ar e pelo contato com fezes e sangue de aves contaminadas. O primeiro ensaio da vacina já está sendo feito e, em três meses, começam os testes clínicos nos voluntários.

Base na Amazônia
O Butantan também está instalando uma base avançada na região amazônica. O terreno de 640 mil m2 fica localizado em Belterra, a cerca de 40 km de Santarém, no Pará.
Com investimento estimado de R$ 9 milhões, a base irá pesquisar a biodiversidade local, formar recursos humanos na região e contribuir para a pesquisa de novas vacinas e soros. A base terá local para alojamento dos profissionais do Butantan, biotério (para coleta e manutenção dos animais) e laboratório de pesquisa.
O Pará irá capacitar seus técnicos e médicos, que serão treinados por profissionais do Butantan e do hospital Vital Brasil, ambos referências nacionais para tratamento de pacientes vítimas de animais peçonhentos. A região do Pará é a que tem mais acidentes com animais peçonhentos no Brasil, além de possuir os quatro principais grupos de cobras peçonhentas: surucucu, coral verdadeira, jararaca e cascavel.


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