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Em 2 anos, SP terá autonomia para produzir hemoderivados
Esse é o prazo de construção da fábrica; obras começam no segundo semestre
A unidade, no Instituto Butantan, terá custo de R$ 30 milhões e fará o Estado ficar livre de importações de medicamentos do tipo
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em dois anos, o Estado de
São Paulo deverá ser auto-suficiente na produção de hemoderivados e, assim, ficará livre das
importações. Isso porque o início da construção da primeira
fábrica brasileira de produtos
obtidos a partir do fracionamento do plasma sangüíneo
(como albuminas, imunoglobulinas e fatores de coagulação,
usados para tratar hemofilia,
hemorragias e queimaduras
graves, por exemplo) está prevista para ter início no segundo
semestre deste ano.
Instalada no Instituto Butantan, a fábrica de 1.000 m2
tem custo estimado em R$ 30
milhões. O valor será dividido
entre os governos federal e estadual. "Será nossa independência", afirma Isaias Raw,
presidente da Fundação Butantan. "Essa fábrica é estrategicamente importante porque
não dependeremos totalmente
mais de outros países."
Hoje, o Brasil importa todos
os hemoderivados da Europa.
De acordo com a assessoria do
Ministério da Saúde, não é possível informar a quantidade de
importação de albumina e imunoglobulina porque ela é feita
diretamente pelos hospitais. O
que se sabe é que, anualmente,
o Brasil gasta R$ 300 milhões
com esses produtos.
Já os fatores 8 e 9 (proteínas
necessárias para a coagulação
do sangue) são comprados pelo
ministério. Por ano, são gastos
cerca de R$ 248 milhões em
236 milhões de unidades. O Estado de São Paulo consome
cerca de 50% do total da importação, segundo a Secretaria
Estadual de Saúde.
Processo moderno
De acordo com Raw, para obter os hemoderivados, a nova
fábrica usará o processo de cromatografia, o mais moderno do
mundo, e processará inicialmente 150 mil litros de plasma
por ano. "Isso será suficiente
para todo o Estado."
A tecnologia será comprada
de uma empresa da Suécia, de
onde também serão importados equipamentos e resinas. "A
fábrica se pagará em dois anos e
resultará em economia nos gastos de Saúde", diz. "E, além dessa unidade no Butantan, ainda
comportamos pelo menos mais
umas quatro no país."
Além da fábrica de hemoderivados, o Instituto Butantan
desenvolverá uma vacina contra a gripe aviária. O instituto
foi escolhido pela Organização
Mundial de Saúde para receber
US$ 2,16 bilhões nos próximos
12 meses a serem utilizados
nesse trabalho.
"Esse é mais um movimento
para nossa independência",
afirma Raw. "Se o mundo passar por uma pandemia dessa
doença, teremos vacina aqui."
A gripe, provocada pelo vírus
H5N1, atinge principalmente
aves, mas pode ser transmitida
de animais para humanos pelo
ar e pelo contato com fezes e
sangue de aves contaminadas.
O primeiro ensaio da vacina já
está sendo feito e, em três meses, começam os testes clínicos
nos voluntários.
Base na Amazônia
O Butantan também está instalando uma base avançada na
região amazônica. O terreno de
640 mil m2 fica localizado em
Belterra, a cerca de 40 km de
Santarém, no Pará.
Com investimento estimado
de R$ 9 milhões, a base irá pesquisar a biodiversidade local,
formar recursos humanos na
região e contribuir para a pesquisa de novas vacinas e soros.
A base terá local para alojamento dos profissionais do Butantan, biotério (para coleta e
manutenção dos animais) e laboratório de pesquisa.
O Pará irá capacitar seus técnicos e médicos, que serão treinados por profissionais do Butantan e do hospital Vital Brasil, ambos referências nacionais para tratamento de pacientes vítimas de animais peçonhentos. A região do Pará é a
que tem mais acidentes com
animais peçonhentos no Brasil,
além de possuir os quatro principais grupos de cobras peçonhentas: surucucu, coral verdadeira, jararaca e cascavel.
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