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Depois de 60 anos, Brasil está menos cosmopolita, diz IBGE
Pesquisa "Tendências Demográficas", divulgada ontem, compara dados demográficos dos censos de 1940 e 2000
Número de habitantes
originários de outros países
caiu de 1,3 milhão, em 1940,
para 510 mil, no ano 2000,
segundo o estudo
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
No salto de uma geração, o
Brasil se urbanizou, ficou mais
miscigenado, relativamente
menos católico, mas também
menos cosmopolita. Esse é o
retrato que surge da pesquisa
"Tendências Demográficas",
que foi divulgada ontem pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) e faz
uma comparação dos censos
demográficos de 1940 e 2000.
Após pesquisar os arquivos
de seu primeiro grande censo,
em 1940, e compará-los com o
último, de 2000, o IBGE destacou a significativa queda no número e na proporção de estrangeiros vivendo no país. Em
1940, eles eram 1,3 milhão e representavam 3,1% da população. A maioria deles estava em
São Paulo, onde eram 762 mil e
correspondiam a 11% da população do Estado.
Passados 60 anos, no entanto, essa população de estrangeiros -principalmente italianos,
alemães, japoneses, espanhóis
e portugueses- ficou reduzida
a 510 mil pessoas, ou 0,3% da
população. São Paulo continuou sendo o principal destino
dos imigrantes, mas eles representavam em 2000 apenas
0,7% do Estado, com 267 mil
moradores.
Luiz Antônio Pinto de Oliveira, coordenador de População e
Indicadores Sociais do IBGE,
diz que essa queda no número
de estrangeiros já estava acontecendo antes mesmo de 1940.
"O principal fluxo migratório
para o Brasil ocorre no final do
século 19 e praticamente se esgota na década de 20. Naquela
época, um excedente demográfico, causado pela diminuição
da mortalidade com padrões
ainda altos de fecundidade nos
países europeus, levou um contingente expressivo dessa população, especialmente a mais
afetada pela crise agrícola, a
migrar para o novo mundo."
Ele explica que esse fluxo para o Brasil é interrompido a
partir da década de 30 por causa da crise do café, de políticas
mais restritivas de emigração
por parte de regimes totalitários da Europa e pela estabilização da situação demográfica
nesses países, com o início da
queda da fecundidade.
Do ponto de vista religioso, a
pesquisa do IBGE mostra que
em 1940 a população era quase
que exclusivamente católica
-95% do total. Evangélicos
eram apenas 2,6%, outras religiões representavam 1,9% e os
sem-religião eram estatisticamente insignificantes: 0,2%
apenas.
Em 2000, o Brasil continua
majoritariamente católico, mas
essa religião cedeu bastante espaço principalmente aos evangélicos (15,4%) e aos que declararam não ter religião (7,4%).
Nilza Pereira, gerente de Análises Estruturais e Espaciais da
População, explica que o crescimento desses dois últimos grupos aconteceu principalmente
a partir da década de 80.
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