São Paulo, sábado, 26 de maio de 2007

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Depois de 60 anos, Brasil está menos cosmopolita, diz IBGE

Pesquisa "Tendências Demográficas", divulgada ontem, compara dados demográficos dos censos de 1940 e 2000

Número de habitantes originários de outros países caiu de 1,3 milhão, em 1940, para 510 mil, no ano 2000, segundo o estudo

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

No salto de uma geração, o Brasil se urbanizou, ficou mais miscigenado, relativamente menos católico, mas também menos cosmopolita. Esse é o retrato que surge da pesquisa "Tendências Demográficas", que foi divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e faz uma comparação dos censos demográficos de 1940 e 2000.
Após pesquisar os arquivos de seu primeiro grande censo, em 1940, e compará-los com o último, de 2000, o IBGE destacou a significativa queda no número e na proporção de estrangeiros vivendo no país. Em 1940, eles eram 1,3 milhão e representavam 3,1% da população. A maioria deles estava em São Paulo, onde eram 762 mil e correspondiam a 11% da população do Estado.
Passados 60 anos, no entanto, essa população de estrangeiros -principalmente italianos, alemães, japoneses, espanhóis e portugueses- ficou reduzida a 510 mil pessoas, ou 0,3% da população. São Paulo continuou sendo o principal destino dos imigrantes, mas eles representavam em 2000 apenas 0,7% do Estado, com 267 mil moradores.
Luiz Antônio Pinto de Oliveira, coordenador de População e Indicadores Sociais do IBGE, diz que essa queda no número de estrangeiros já estava acontecendo antes mesmo de 1940.
"O principal fluxo migratório para o Brasil ocorre no final do século 19 e praticamente se esgota na década de 20. Naquela época, um excedente demográfico, causado pela diminuição da mortalidade com padrões ainda altos de fecundidade nos países europeus, levou um contingente expressivo dessa população, especialmente a mais afetada pela crise agrícola, a migrar para o novo mundo."
Ele explica que esse fluxo para o Brasil é interrompido a partir da década de 30 por causa da crise do café, de políticas mais restritivas de emigração por parte de regimes totalitários da Europa e pela estabilização da situação demográfica nesses países, com o início da queda da fecundidade.
Do ponto de vista religioso, a pesquisa do IBGE mostra que em 1940 a população era quase que exclusivamente católica -95% do total. Evangélicos eram apenas 2,6%, outras religiões representavam 1,9% e os sem-religião eram estatisticamente insignificantes: 0,2% apenas.
Em 2000, o Brasil continua majoritariamente católico, mas essa religião cedeu bastante espaço principalmente aos evangélicos (15,4%) e aos que declararam não ter religião (7,4%). Nilza Pereira, gerente de Análises Estruturais e Espaciais da População, explica que o crescimento desses dois últimos grupos aconteceu principalmente a partir da década de 80.


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