São Paulo, sábado, 26 de maio de 2007

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Mesmo em queda, taxa de analfabetismo em 2000 é superior à dos EUA em 1940

DA SUCURSAL DO RIO

A taxa de analfabetismo no Brasil caiu de 56,8% para 12,1% de 1940 a 2000. Pode parecer um avanço significativo, mas a comparação do Brasil de 2000 com os Estados Unidos de 1940 mostra o quanto estávamos -e continuamos- atrasados.
Naquele ano, o censo americano registrava uma taxa de analfabetismo de apenas 2,9%, patamar que ainda estamos longe de atingir. Os 12,1% de analfabetos em 2000 no Brasil são maiores até mesmo do que os 11,5% registrados em 1940 apenas para a população negra norte-americana.
A mesma comparação com os Estados Unidos de 1940 e o Brasil de hoje evidencia nosso atraso histórico no acesso a educação na faixa etária de 7 a 14 anos. O percentual de crianças estudando aumentou no país de 30,6% para 94,5%. Nos Estados Unidos, a universalização do ensino já estava bem próxima desde 1940, quando 84% das crianças de 5 a 17 anos estudavam.

Miscigenação
O projeto de uma parte da elite brasileira até a segunda metade do século passado era a de embranquecimento do país. O comportamento da população entre 1940 e 2000, no entanto, foi justamente na linha contrária: o contigente de brasileiros que mais cresceu foi o dos que se autodeclaram pardos. Eles eram 21,2% em 1940 e, 60 anos depois, passaram a representar 38,5%.
Na contramão dos pardos, a proporção de autodeclarados brancos ou pretos diminuiu. No primeiro caso, caiu de 63,4% para 53,7%. No segundo caso, de 14,6% para 6,2%. Os dados mais recentes das pesquisas domiciliares do IBGE mostram que essa tendência continua. Prova disso é que, em 2005, pela primeira vez na história das pesquisas do instituto, o percentual de brancos foi inferior a 50%, ficando em 49,9%.
Desde 1940, o IBGE trabalha com o conceito de autodeclaração -ou seja, cabe apenas ao entrevistado dizer a qual grupo pertence. Em 1940, a população indígena era incluída no grupo de pardos.


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