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PRESÍDIOS
Guardas com ficha criminal são investigados
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de São
Paulo investiga se pessoas com
antecedentes criminais foram
contratadas como guardas de
muralha, por meio de concurso
público, para cuidar da segurança
externa de presídios no Estado.
Segundo um levantamento feito
a pedido da Procuradoria Geral
de Justiça, 17,9% dos cerca de
3.400 guardas efetivados pela Secretaria da Administração Penitenciária já responderam a inquérito ou a processo criminal.
No histórico dos guardas, há
processos e inquéritos por homicídio, porte e tráfico de drogas,
formação de quadrilha, facilitação de fuga, estupro e tortura, entre outros crimes. "Indivíduos
condenados por determinadas
infrações não podem exercer certas funções públicas, por uma incompatibilidade lógica", afirmou
ontem o promotor da Cidadania
Sérgio Turra Sobrane.
De pelo menos sete pessoas
com envolvimento em roubo, um
ex-condenado que cumpriu pena
foi nomeado guarda de muralha,
de acordo com a Promotoria.
Sobrane enviou ofícios ontem à
secretaria requisitando cópias dos
documentos que deveriam ter sido reunidos durante o concurso
comprovando que eles tinham
"conduta irrepreensível" e não
possuíam antecedentes criminais.
O Ministério Público também
pediu informações à Polícia Militar, pois há indícios de que ex-PMs foram contratados. "Queremos saber qual o motivo do desligamento deles", disse.
A carreira de guarda de muralha, criada no ano passado, atraiu
42,6 mil candidatos. Desse total,
4.000 foram aprovados. Os contratados assumiram em março
deste ano. Os guardas trabalham
armados e fardados nos muros.
O levantamento da Promotoria
foi encaminhado para a Corregedoria da Secretaria da Administração Penitenciária, que está reanalisando as contratações.
Ontem, o secretário Nagashi
Furukawa disse que "não houve
nenhuma ilegalidade, salvo eventual equívoco no exame dos documentos". Segundo ele, a regra
previa que indiciados em inquéritos arquivados ou absolvidos em
processos poderiam ter sido contratados porque não têm antecedentes, assim como os que ainda
não foram condenados.
"Não sou eu quem diz isso, é a
Constituição", afirmou. Por fim,
os que já cumpriram pena também são considerados "sem-antecedentes" para a secretaria.
Caso haja guardas em situação
irregular, segundo o secretário,
serão demitidos. Os efetivados fazem três anos de estágio probatório, período em que podem ser
desligados mais rapidamente.
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