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Viadutos abrigam de bares a açougue
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grande condomínio. É assim que funciona a favela Paraguai, na Vila Prudente (zona leste
da capital paulista).
Sob o viaduto Grande São Paulo, os barracos se misturam ao comércio também irregular, montado pelos moradores. É possível
encontrar desde pequenos bares e
mercearias a um açougue. Tudo
voltado para a avenida Professor
Luís Inácio de Anhaia Melo.
Na mercearia de Conego Naldo
Oliveira, é possível comprar bebidas (a mais vendida é a cachaça),
bolacha e até resistência para chuveiro. Aos 51 anos, o "comerciante" mora sob o viaduto há oito e
no local cria os quatro filhos. Ganha até R$ 300 em um mês.
"O maior problema aqui é
quando há enchente. Daí a gente
perde muita coisa", afirma Oliveira, que começou trabalhando como carroceiro e, perto de outros
moradores, tem uma "boa situação", como ele mesmo diz.
Toda a ligação elétrica sob o viaduto é clandestina. O perigo iminente de incêndio cresce muito
por causa da grande quantidade
de lixo e papel. Oliveira diz que já
ajudou a apagar mais de quatro.
"O pessoal esquece fogo ligado e
tudo fechado, aí dá nisso."
Perto da mercearia de Oliveira
fica o açougue, onde as peças de
carne ficam expostas. Entre os
dois estabelecimentos há uma espécie de garagem, usada por alguns moradores e carroceiros.
Para a urbanista Raquel Rolnik,
a população só recorre aos viadutos por não ter alternativa. "As
pessoas estão debaixo do viaduto
por falta de opção e sobrevivem
como podem. O que preocupa é a
forma precária como toda essa situação vem se desenvolvendo."
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