São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2001

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Viadutos abrigam de bares a açougue

DA REPORTAGEM LOCAL

Um grande condomínio. É assim que funciona a favela Paraguai, na Vila Prudente (zona leste da capital paulista).
Sob o viaduto Grande São Paulo, os barracos se misturam ao comércio também irregular, montado pelos moradores. É possível encontrar desde pequenos bares e mercearias a um açougue. Tudo voltado para a avenida Professor Luís Inácio de Anhaia Melo.
Na mercearia de Conego Naldo Oliveira, é possível comprar bebidas (a mais vendida é a cachaça), bolacha e até resistência para chuveiro. Aos 51 anos, o "comerciante" mora sob o viaduto há oito e no local cria os quatro filhos. Ganha até R$ 300 em um mês.
"O maior problema aqui é quando há enchente. Daí a gente perde muita coisa", afirma Oliveira, que começou trabalhando como carroceiro e, perto de outros moradores, tem uma "boa situação", como ele mesmo diz.
Toda a ligação elétrica sob o viaduto é clandestina. O perigo iminente de incêndio cresce muito por causa da grande quantidade de lixo e papel. Oliveira diz que já ajudou a apagar mais de quatro. "O pessoal esquece fogo ligado e tudo fechado, aí dá nisso."
Perto da mercearia de Oliveira fica o açougue, onde as peças de carne ficam expostas. Entre os dois estabelecimentos há uma espécie de garagem, usada por alguns moradores e carroceiros.
Para a urbanista Raquel Rolnik, a população só recorre aos viadutos por não ter alternativa. "As pessoas estão debaixo do viaduto por falta de opção e sobrevivem como podem. O que preocupa é a forma precária como toda essa situação vem se desenvolvendo."


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