São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2001

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VIOLÊNCIA

Quantidade é menor do que a registrada no ano passado; dados são da Ouvidoria das polícias Civil e Militar

Polícia mata 1 a cada 14 horas no 1º semestre

DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia de São Paulo matou nos primeiros seis meses deste ano 314 pessoas em confrontos de rua -uma a cada 14 horas.
É menos do que se viu no primeiro semestre do ano passado, quando o Estado teve o maior número de mortos desde 93, mas o dado ainda está elevado.
A quantidade de vítimas acumuladas pelas duas polícias, Civil e Militar, entre janeiro e junho deste ano, superam as do mesmo período em 99 (276) e 98 (239).
As informações estão no relatório semestral da Ouvidoria das polícias Civil e Militar, publicado ontem no ""Diário Oficial".
Em relação ao primeiro semestre de 2000, houve queda de 35,7% nos registros de vítimas fatais em confrontos, o que representou 175 mortos a menos.
O desempenho da PM interferiu mais nisso. A corporação com maior efetivo, de 85 mil homens, matou 449 civis nos primeiros seis meses de 2000 e 272 neste ano.
Todos os casos que constam do relatório são registrados como ""resistência seguida de morte".
A polícia paulista chegou a matar 119 civis por mês em 92, ano do massacre de 111 presos na Casa de Detenção do Carandiru.
A letalidade das polícias cai depois disso e fica estável até 97, quando volta a crescer. Daí em diante, é quebrado um recorde atrás do outro, apesar da implantação de ""freios", como: a criação da Ouvidoria, mudanças no treinamento dos policiais e alterações na legislação -desde 97, PMs são julgados por homicídio na Justiça comum e não na Justiça Militar.
A última iniciativa do governo do Estado contra as mortes de civis pode explicar parte do resultado dos números deste primeiro semestre. Em dezembro, foi criada a ""Comissão Especial para a Redução da Letalidade em Ações Policiais", que reúne policiais e especialistas em violência, para estudar semanalmente as mortes.
A iniciativa foi tomada depois que a Ouvidoria divulgou estudo mostrando que 51% das vítimas da polícia em 99 tinham sido mortas com tiro nas costas.
""O controle externo das polícias tem aumentado e isso, talvez, possa explicar a redução que se vê agora", diz o ouvidor das polícias de São Paulo, Fermino Fecchio.
Para a PM, as mudanças no treinamento dos policiais e programas de atendimento para os que se envolvem em tiroteio são os principais caminhos contra a letalidade nas ações. ""Há medidas que podem diminuir os confrontos", diz a major Maria Aparecida Yamamoto, 36, do setor de assuntos civis da corporação.



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