São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2001

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Morador evita comentar projetos

DA SUCURSAL DO RIO

Moradores do complexo do Jacarezinho (zona norte do Rio) temem comentar os projetos do programa batizado de Condomínio-Favela, criado pelo Movimento Nacional de Favelas.
Os poucos que se atrevem a falar elogiam a colocação dos portões nas principais vias de acesso das favelas Pica-Pau Amarelo e Malvinas, que integram o complexo, e a disposição das câmeras de vídeo em pontos estratégicos.
"Isso vai nos ajudar, porque os policiais humilham muita gente daqui. Com as câmeras, eles vão ficar com medo", contou um morador, de 28 anos, que preferiu não se identificar. Ele nasceu na favela e trabalha como vendedor de frutas na feira local.
Para a moradora Sandra da Silva, de 37 anos, os portões vão evitar que policiais invadam casas durante a madrugada, sob a alegação de estarem realizando patrulhamento de rotina.
"Tenho quatro filhos e moro aqui há 11 anos. Já vi muita violência. Acho que isso [os portões" pode ajudar um pouco. Não acho, porém, que vai resolver, porque aqui as coisas nunca vão ficar boas de verdade, mas já é uma melhoria", disse ela.

Sem saber
Muitos moradores, entretanto, não sabiam das novidades, instaladas no complexo desde o início do mês. Com medo de sofrer represálias, responderam, mesmo sem ter conhecimento do que se tratava, que as medidas são boas para a comunidade.
Das pessoas ouvidas pela Folha, somente uma aposentada, de 67 anos, disse ser contra os portões e as câmeras. "Já vivemos sob o poder deles [dos traficantes". Com isso, a situação vai piorar ainda mais. Quem é que vai fazer alguma coisa quando tiver guerra aqui dentro?", questionou ela.


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