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Morador evita comentar projetos
DA SUCURSAL DO RIO
Moradores do complexo do Jacarezinho (zona norte do Rio) temem comentar os projetos do
programa batizado de Condomínio-Favela, criado pelo Movimento Nacional de Favelas.
Os poucos que se atrevem a falar
elogiam a colocação dos portões
nas principais vias de acesso das
favelas Pica-Pau Amarelo e Malvinas, que integram o complexo, e
a disposição das câmeras de vídeo
em pontos estratégicos.
"Isso vai nos ajudar, porque os
policiais humilham muita gente
daqui. Com as câmeras, eles vão
ficar com medo", contou um morador, de 28 anos, que preferiu
não se identificar. Ele nasceu na
favela e trabalha como vendedor
de frutas na feira local.
Para a moradora Sandra da Silva, de 37 anos, os portões vão evitar que policiais invadam casas
durante a madrugada, sob a alegação de estarem realizando patrulhamento de rotina.
"Tenho quatro filhos e moro
aqui há 11 anos. Já vi muita violência. Acho que isso [os portões"
pode ajudar um pouco. Não acho,
porém, que vai resolver, porque
aqui as coisas nunca vão ficar
boas de verdade, mas já é uma
melhoria", disse ela.
Sem saber
Muitos moradores, entretanto,
não sabiam das novidades, instaladas no complexo desde o início
do mês. Com medo de sofrer represálias, responderam, mesmo
sem ter conhecimento do que se
tratava, que as medidas são boas
para a comunidade.
Das pessoas ouvidas pela Folha,
somente uma aposentada, de 67
anos, disse ser contra os portões e
as câmeras. "Já vivemos sob o poder deles [dos traficantes". Com
isso, a situação vai piorar ainda
mais. Quem é que vai fazer alguma coisa quando tiver guerra aqui
dentro?", questionou ela.
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