|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Alice, 81, vive sozinha em Porto Alegre
Sílvio Ávila/Folha Imagem
|
Alice Garcia, 82, aposentada que mora sozinha em Porto Alegre; a cidade é a campeã em número de idosos nessa situação no país |
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
Alice Soares, 81 (completa
82 no dia 5), integra o contingente significativo de idosos
que, em Porto Alegre, tem vida independente.
Viúva, sem filhos, torcedora
do Grêmio e afeita a novas e
velhas amizades, Alice vive
muito bem em sua casa de
dois dormitórios no bairro
Boa Vista (zona norte da capital gaúcha).
O Grêmio, aliás, é uma das
suas principais fontes de
emoção: para o bem e para o
mal. ""Acompanho bastante
mesmo os jogos do Grêmio,
só pelo rádio. Aí, há um vizinho meu, da casa ao lado, que
é colorado e, quando o Internacional joga, ele aumenta o
volume do rádio. Eu não dou
bola", conta ela.
Comportamentos como esse levam Alice a viver bem
mesmo sozinha.
Apesar da idade, ela está
longe de ser ranzinza. Se o vizinho a provoca com a rivalidade entre Grêmio e Internacional, faz que nem percebe.
Tranquilidade, alegria e cuidado com a saúde são os segredos da viúva para viver
bem e muito.
""Outro dia, ele (o vizinho
colorado) disse que eu tinha
de torcer para o Olimpia contra o São Caetano (pela decisão da Taça Libertadores). Eu
não respondi. Puxa, ontem
[anteontem" o São Caetano
venceu. Como eu fiquei feliz...
O Olimpia roubou tanto do
Grêmio, foi uma bandidagem
tão grande."
O Olimpia, do Paraguai, decidiu com o Grêmio uma vaga para as finais. A arbitragem do jogo foi polêmica, alvo de uma série de reclamações por parte dos gremistas.
Alice vive com R$ 635 mensais, fruto da aposentadoria e
da pensão a que tem direito
desde a morte do marido
-um ex-estofador da Varig
que morreu há 11 anos.
Só o aluguel, no entanto,
consome R$ 300 mensais
-quase a metade dos seus
ganhos.
Três anos atrás, ela foi a um
médico para que ele analisasse seu pulmão. Surpresa: o
problema estava no coração,
que está maior que o normal.
Desde então, Alice visita o
cardiologista mensalmente,
mede a pressão e toma os remédios por ele receitados.
Quanto à alimentação, que
deve respeitar as regras de
uma dieta balanceada e sem
gorduras, ela confessa: ""Às
vezes, eu abuso".
As refeições são preparadas
por ela mesma ou então por
uma vizinha a quem visita de
vez em quando.
""Gosto mesmo de viver e
me divirto com a vida, mas o
que não quero é um dia ficar
caduca", diz Alice.
Texto Anterior: Retratos do Brasil: Maioria dos idosos são os chefes da casa Próximo Texto: Evolução da renda supera a dos mais jovens Índice
|