São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2007

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Infraero descumpre acerto e "blinda" engenheiros da nova pista de Congonhas

DA REPORTAGEM LOCAL

A Infraero descumpriu um acerto firmado com a Procuradoria da República que previa ampla divulgação de detalhes da reforma da pista principal do aeroporto de Congonhas e acabou "blindando" os engenheiros responsáveis pela obra.
Num TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado em abril com representantes do Ministério Público Federal, a Infraero se comprometia a viabilizar "em seu sítio eletrônico e em mural ou banner compatível com ampla visibilidade, localizado em ponto de grande circulação, [...] informações relacionadas à obra de reforma, incluindo: cronograma previsto, por etapas, e acompanhamento de execução, empresa e engenheiro responsável pela obra e custo total".
O acerto foi feito em troca da extinção, por parte da Procuradoria, de uma ação civil que tentava fechar Congonhas.
A ampla divulgação -até pela internet- não foi feita, principalmente em relação aos nomes de quem assina pela obra.
Duas construtoras, OAS e Galvão Engenharia, foram contratadas de maneira emergencial para a execução do serviço ao custo de R$ 20 milhões.
A OAS é uma das integrantes do Consórcio Via Amarela, responsável pela construção da linha 4 do Metrô, que teve em janeiro passado a abertura de uma cratera em Pinheiros.
A Folha obteve no Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) de São Paulo a relação da equipe de nove engenheiros das duas construtoras e que são responsáveis pela reforma da pista principal de Congonhas.
O conselho afirma que todos estão com seus registros regularizados. A maioria é integrante da cúpula das duas empreiteiras. Ao menos três já estiveram envolvidos em polêmicas.
Um deles, José Rubens Goulart Pereira, da Galvão Engenharia, é ex-presidente da Andrade Gutierrez e foi alvo de uma misteriosa disputa no começo da década, quando teve seu nome publicado em jornais num anúncio fúnebre pago por um ex-diretor da construtora.
O Ministério Público Estadual, na ocasião, chegou a investigar a informação de que a publicação poderia ser uma tentativa de chantagem.
Um segundo engenheiro, José Adelmário Pinheiro Filho, representou, em 2004, a OAS num jantar do presidente Lula em agradecimento aos empresários que financiariam a reforma do Palácio da Alvorada.
O nome de um terceiro engenheiro, Geraldo Correia Santos, da OAS, aparece como testemunha do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado com a Promotoria e empreiteiras da linha 4 do Metrô.
(ALENCAR IZIDORO E EVANDRO SPINELLI)


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