São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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DESASTRE NO RIO

Segundo o prefeito César Maia, reforma interna do local não precisava de autorização da municipalidade

Prefeitura diz ter exigido obras na fachada

DA SUCURSAL DO RIO

O prefeito do Rio, César Maia (PFL), disse no início da noite de ontem que há três meses a administração do prédio que desabou havia sido notificada pela prefeitura para que realizasse obras de conservação de fachada.
Segundo o prefeito, o edifício faz parte do chamado corredor cultural do centro, mas a Divisão Geral de Patrimônio Cultural, da Secretaria Municipal das Culturas, negou a informação.
Maia, que visitou o local do desabamento, disse que nomeará um grupo de investigadores para apurar se o acidente foi motivado por uma obra no restaurante que existia no edifício.
O prefeito disse que a reforma só precisaria de autorização da prefeitura caso pretendesse fazer correções estruturais.
Em nota oficial divulgada no fim da tarde, a Secretaria Municipal de Urbanismo, responsável pelo licenciamento de obras na cidade, considera ter havido "imperícia técnica" na reforma do restaurante do hotel Rosário.
A secretaria se eximiu de responsabilidade no caso. "Reformas no interior de prédios são isentas de licenças da prefeitura", diz a nota do órgão municipal.
Segundo a Secretaria de Urbanismo, as obras não contavam com a supervisão de um engenheiro ou técnico responsável.
O desabamento ocorreu quando operários trabalhavam no mezanino, o que, segundo a nota, teria abalado a estrutura do prédio. O dono do restaurante, responsável pela obra, não foi encontrado para falar sobre o assunto.
O vice-presidente do Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro), Jaques Sherique, também disse acreditar que a reforma do restaurante tenha causado o acidente. Segundo ele, as modificações não tinham registro no órgão.
"Qualquer mudança na parte estrutural deixa o edifício comprometido", afirmou.
Sherique disse que a chuva que caiu na cidade nos últimos dias também pode ter contribuído para o desabamento.
"O solo ficou encharcado, afetando a base do prédio que, já fragilizado por causa da obra, acabou caindo."
De acordo com o vice-presidente do Crea, o conselho faz um trabalho em conjunto com a Defesa Civil na fiscalização de marquises e fachadas de prédios no centro, mas reiterou que a responsabilidade de fiscalização do estado dos prédios é da Defesa Civil.
Assim como a prefeitura, o Crea instaurará uma comissão para investigar as causas do desabamento. A comissão terá 90 dias para emitir um laudo sobre acidente. (MURILO FIUZA DE MELO e MARIO HUGO MONKEN)

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