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DESASTRE NO RIO
Segundo o prefeito César Maia, reforma interna do local não precisava de autorização da municipalidade
Prefeitura diz ter exigido obras na fachada
DA SUCURSAL DO RIO
O prefeito do Rio, César Maia
(PFL), disse no início da noite de
ontem que há três meses a administração do prédio que desabou
havia sido notificada pela prefeitura para que realizasse obras de
conservação de fachada.
Segundo o prefeito, o edifício
faz parte do chamado corredor
cultural do centro, mas a Divisão
Geral de Patrimônio Cultural, da
Secretaria Municipal das Culturas, negou a informação.
Maia, que visitou o local do desabamento, disse que nomeará
um grupo de investigadores para
apurar se o acidente foi motivado
por uma obra no restaurante que
existia no edifício.
O prefeito disse que a reforma
só precisaria de autorização da
prefeitura caso pretendesse fazer
correções estruturais.
Em nota oficial divulgada no
fim da tarde, a Secretaria Municipal de Urbanismo, responsável
pelo licenciamento de obras na cidade, considera ter havido "imperícia técnica" na reforma do restaurante do hotel Rosário.
A secretaria se eximiu de responsabilidade no caso. "Reformas no interior de prédios são
isentas de licenças da prefeitura",
diz a nota do órgão municipal.
Segundo a Secretaria de Urbanismo, as obras não contavam
com a supervisão de um engenheiro ou técnico responsável.
O desabamento ocorreu quando operários trabalhavam no mezanino, o que, segundo a nota, teria abalado a estrutura do prédio.
O dono do restaurante, responsável pela obra, não foi encontrado
para falar sobre o assunto.
O vice-presidente do Crea-RJ
(Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro), Jaques Sherique, também disse acreditar que a reforma do restaurante tenha causado o acidente. Segundo ele, as modificações
não tinham registro no órgão.
"Qualquer mudança na parte
estrutural deixa o edifício comprometido", afirmou.
Sherique disse que a chuva que
caiu na cidade nos últimos dias
também pode ter contribuído para o desabamento.
"O solo ficou encharcado, afetando a base do prédio que, já fragilizado por causa da obra, acabou caindo."
De acordo com o vice-presidente do Crea, o conselho faz um trabalho em conjunto com a Defesa
Civil na fiscalização de marquises
e fachadas de prédios no centro,
mas reiterou que a responsabilidade de fiscalização do estado dos
prédios é da Defesa Civil.
Assim como a prefeitura, o Crea
instaurará uma comissão para investigar as causas do desabamento. A comissão terá 90 dias para
emitir um laudo sobre acidente.
(MURILO FIUZA DE MELO e MARIO HUGO MONKEN)
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