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VIOLÊNCIA
Rabino, que havia apoiado medida no sábado, disse que teve reação emocional
Sobel recua e critica pena de morte
DA REPORTAGEM LOCAL
O rabino Henry Sobel, presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, disse ontem
ser contra a pena de morte, contrariando declaração dada na semana passada, na qual defendeu a
medida em casos como o assassinato de Liana Friedenbach, 16, e
Felipe Caffé, 19, em Embu-Guaçu
(Grande SP) -um menor de 16
anos é acusado de ser o mentor.
"Foi uma reação emocional.
Reagi como pai, cidadão, indivíduo", afirmou o rabino ontem,
durante o 2º Congresso Brasileiro
do Voluntariado, em São Paulo.
Sobel disse que celebrou o casamento dos pais de Liana e o Bat-Mitsvá da jovem (cerimônia de
maturidade religiosa das meninas
judias, aos 12 anos). Ele também
tem uma filha de 16 anos e, há
duas semanas, perdeu o pai, na
França -a barba comprida que
exibe ainda é sinal do luto. A soma desses fatores, segundo ele,
contribuíram para a sobreposição
do emocional na discussão.
No sábado, em ato de amigos e
parentes dos jovens assassinados,
Sobel disse (como cidadão, não
como rabino, segundo ele) ser favorável à pena de morte em casos
excepcionais e que "o judaísmo
condena categoricamente a pena
de morte, mas, como pai, defendo
a pena de morte em casos excepcionais como o de Liana e Felipe".
O presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo,
Jayme Blay, havia dito que atitudes como a de Sobel eram "excrescência". "Na hora de intensa
emoção, fiz a declaração. Não estou arrependido, era o que sentia.
Quero que a sociedade compreenda minha revolta", disse Sobel, que também disse que prioriza os direitos das "pessoas de
bem, vítimas de criminosos".
Hebe Camargo
A apresentadora Hebe Camargo, que havia dito na semana passada ter vontade de matar o menor acusado do crime, pediu anteontem desculpas "aos sofridos
pais" do adolescente preso. "Se
realmente me excedi, peço desculpas", disse a apresentadora.
"Mas minha indignação continua
aqui dentro, porque sou mãe."
No último dia 17, ela havia dito
que, se fosse entrevistar o adolescente, iria armada e faria ele virar
"linguiça". Hebe entrevistava o
pai de Liana, Ari Friedenbach, e a
mãe de Felipe, Lenice Caffé.
A fita com as declarações foi entregue anteontem ao Ministério
Público do Estado de São Paulo,
que ainda não se pronunciou.
A criadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, disse ontem ser
contra a pena de morte e a redução da maioridade penal.
"Devem mudar os três anos de
pena máxima, muitos jovens não
se recuperaram [nesse período].
Já penas leves e moderadas deveriam ser tratadas na comunidade,
com atendimento multiprofissional. Não isolado na penitenciária,
uma escola de violência", disse.
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