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Colunista ameaça sair de hiena no Carnaval
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
Posto que nem você nem eu
somos lindos, inteligentes e ricos como a Esther Safra, da família de banqueiros, ou o Cláudio Szajman, filho do empresário Abram Szajman, que se casaram no domingo em cerimônia avaliada, por baixo, em
US$ 3 milhões, convoco o leitor
a compartilhar do meu desânimo: o ano de 99 definitivamente não começou com o pé direito, não é mesmo?
Pessoalmente, não tenho
achado muita graça em nada.
Veja se você concorda comigo.
Que graça tem ficar fazendo
fila na padaria da praia só para comprar água mineral?
Que graça tem ficar engatando a primeira e a segunda marchas debaixo de chuva na Piaçaguera só para passar o fim-de-semana fazendo fila na padaria da praia?
Que graça tem ganhar um
Globo de Ouro quando o Oscar
de melhor filme estrangeiro de
99 está a dois passos de ir parar
na prateleira do genial Roberto
Benigni?
Que graça tem um torneio
Rio-São Paulo para o qual Palmeiras, Corinthians e Vasco
não estão dando -lato senso- a mínima bola?
Que graça tem ver que o João
Havelange nem se digna a responder denúncias de que recebeu propina como membro do
Comitê Olímpico?
Que graça tem ver o Gustavo
Kuerten ganhar os jogos de duplas e perder os de simples?
Que graça tem ser o "único tetracampeão do mundo" e acabar como uma Greta Garbo do
Canindé?
Que graça tem ouvir o Chico
Lopes, presidente do Banco
Central, dizer que a inflação
não vai voltar enquanto os preços nos supermercados continuam subindo?
Que graça tem o Maurício
Mattar querer ser "como o Elvis Presley e o Frank Sinatra"
se ele é apenas -e sempre será- o Maurício Mattar?
Que graça tem o André Lara
Resende sair melindrado do
governo só para voltar logo em
seguida?
Que graça tem pertencer a um
país que se iludiu de que sua
moeda tinha paridade com o
dólar?
Que graça tem pertencer a um
país cujo governo prefere a ruína e o desemprego a baixar os
juros?
É preciso ter um senso de humor dos mais apurados para
achar graça em alguma coisa
neste verão de 1999.
Se continuar assim, me
aguarde, que no Carnaval eu
saio de Hardy Har-Har. Ó, vida, ó dor!
QUALQUER NOTA
Não tem para ninguém
Bicões e jornalistas foram barrados por senhas distribuídas um dia
antes da cerimônia. A louça foi trazida da França e os arranjos florais
consumiram o estoque semanal de
rosas do Ceasa. Foi esse o tom do
casamento de Esther Safra e Cláudio Szajman, uma festa para 1.200
convidados, que já foi batizada de
"casório do milênio".
Está explicado
Ainda bem que dona Nicéa Pitta
é a primeira a admitir em entrevista que seu nariz "está ficando compridinho". Só assim a gente pode
entender os R$ 10 mil mensais que
ela recebe do empresário José Yunes, para "prestar serviços de consultoria de arte".
Crise
No sábado, no almoço do badalado restaurante chinês Gweilo, só
uma mesa estava ocupada.
E-mail: barbara@uol.com.br
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