São Paulo, quarta, 27 de janeiro de 1999

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Colunista ameaça sair de hiena no Carnaval

BARBARA GANCIA
Colunista da Folha

Posto que nem você nem eu somos lindos, inteligentes e ricos como a Esther Safra, da família de banqueiros, ou o Cláudio Szajman, filho do empresário Abram Szajman, que se casaram no domingo em cerimônia avaliada, por baixo, em US$ 3 milhões, convoco o leitor a compartilhar do meu desânimo: o ano de 99 definitivamente não começou com o pé direito, não é mesmo?
Pessoalmente, não tenho achado muita graça em nada. Veja se você concorda comigo.
Que graça tem ficar fazendo fila na padaria da praia só para comprar água mineral?
Que graça tem ficar engatando a primeira e a segunda marchas debaixo de chuva na Piaçaguera só para passar o fim-de-semana fazendo fila na padaria da praia?
Que graça tem ganhar um Globo de Ouro quando o Oscar de melhor filme estrangeiro de 99 está a dois passos de ir parar na prateleira do genial Roberto Benigni?
Que graça tem um torneio Rio-São Paulo para o qual Palmeiras, Corinthians e Vasco não estão dando -lato senso- a mínima bola?
Que graça tem ver que o João Havelange nem se digna a responder denúncias de que recebeu propina como membro do Comitê Olímpico?
Que graça tem ver o Gustavo Kuerten ganhar os jogos de duplas e perder os de simples?
Que graça tem ser o "único tetracampeão do mundo" e acabar como uma Greta Garbo do Canindé?
Que graça tem ouvir o Chico Lopes, presidente do Banco Central, dizer que a inflação não vai voltar enquanto os preços nos supermercados continuam subindo?
Que graça tem o Maurício Mattar querer ser "como o Elvis Presley e o Frank Sinatra" se ele é apenas -e sempre será- o Maurício Mattar?
Que graça tem o André Lara Resende sair melindrado do governo só para voltar logo em seguida?
Que graça tem pertencer a um país que se iludiu de que sua moeda tinha paridade com o dólar?
Que graça tem pertencer a um país cujo governo prefere a ruína e o desemprego a baixar os juros?
É preciso ter um senso de humor dos mais apurados para achar graça em alguma coisa neste verão de 1999.
Se continuar assim, me aguarde, que no Carnaval eu saio de Hardy Har-Har. Ó, vida, ó dor!

QUALQUER NOTA

Não tem para ninguém
Bicões e jornalistas foram barrados por senhas distribuídas um dia antes da cerimônia. A louça foi trazida da França e os arranjos florais consumiram o estoque semanal de rosas do Ceasa. Foi esse o tom do casamento de Esther Safra e Cláudio Szajman, uma festa para 1.200 convidados, que já foi batizada de "casório do milênio".

Está explicado
Ainda bem que dona Nicéa Pitta é a primeira a admitir em entrevista que seu nariz "está ficando compridinho". Só assim a gente pode entender os R$ 10 mil mensais que ela recebe do empresário José Yunes, para "prestar serviços de consultoria de arte".

Crise
No sábado, no almoço do badalado restaurante chinês Gweilo, só uma mesa estava ocupada.

E-mail: barbara@uol.com.br



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