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FILANTROPIA
Recursos foram desviados para caixa dois por meio de notas fiscais frias
Conselho cassa instituto de Bauru
JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O CNAS (Conselho Nacional de
Assistência Social) indeferiu ontem pedido de renovação do certificado filantrópico do ITE (Instituto Toledo de Ensino), de Bauru
(SP). A decisão foi tomada um
mês depois de a Folha ter noticiado esquema milionário de desvio
de recursos que deveriam ser aplicados pela escola em filantropia.
O caso veio à tona graças a uma
dissidência familiar.
Há oito meses, Mauro Leite Toledo, integrante do clã que controla a universidade, revelou, espontaneamente, ao Ministério
Público e à Polícia Federal a existência de um caixa dois na escola.
A família Toledo é beneficiária
direta dos desvios. Inclusive Mauro Leite. Só entre 1995 e 1997, desviaram-se da contas do ITE R$
10,067 milhões. Parte disso acobertada por notas fiscais frias.
Com a cassação do certificado
filantrópico, o INSS pode cobrar a
cota previdenciária de 22% sobre
a folha de salários do ITE, como
faz com qualquer outra empresa
não-filantrópica. Também a Receita Federal se prepara para autuar a escola, cobrando retroativamente impostos devidos.
O ITE deve recorrer da decisão.
A escola se serve da assessoria do
advogado Damásio Evangelista
de Jesus. Ouvido pela Folha em 21
de janeiro, Oreste Laspro, da
equipe de Damásio, evitou entrar
em detalhes. "Fica complicado eu
comentar porque tem o aspecto
ético do advogado."
Mas afirmou: "Grande parte das
pretensas irregularidades foi praticada quando a instituição era dirigida pelo próprio Mauro".
Além de indeferir o pedido do
ITE e de outras entidades, entre
elas a Sociedade Riopretense de
Ensino Superior, de São José do
Rio Preto, os conselheiros do
CNAS submeteram uma de suas
colegas a grave constrangimento.
Ela se chama Dora Silvia Cunha
Bueno. Representa no conselho a
Federação Brasileira das Associações Cristãs de Moços. Notabiliza-se por mandar ao arquivo auditorias do INSS em filantrópicas.
Dora relatou o caso da Congregação Mekor Haim, de São Paulo.
A instituição pediu que fosse revalidado o seu certificado filantrópico. O INSS desaconselhou.
Sem expor as razões expostas
pelo INSS, Dora desqualificou-as.
E recomendou que o processo
fosse "retirado da pauta, sem decisão quanto ao seu mérito e sumariamente arquivado".
Num gesto incomum, os conselheiros alegaram que, raso como
estava, o voto de Dora não lhes
dava segurança para julgar. Constrangida, pediu para adiar a discussão. Prometeu adensar o voto.
Deve reapresentá-lo em março.
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