São Paulo, Sábado, 27 de Fevereiro de 1999
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Prefeita cassada volta por liminar
Cravinhos convive com dois prefeitos

da Folha Ribeirão

Um protesto contra a prefeita cassada Eliana Pavan Amoroso (PDT), reconduzida ao cargo por liminar do Tribunal de Justiça, parou ontem o serviço público em Cravinhos (290 km de SP).
A cidade vive um fato considerado inédito por juristas: há dois prefeitos -Francisco Vessi (PL), eleito pelo voto no mês passado, e Eliana, que voltou ao cargo por força da decisão judicial.
Logo de madrugada, os manifestantes lacraram os portões da garagem e do prédio da prefeitura, impedindo a saída de veículos e a entrada dos funcionários públicos.
Segundo os vereadores, cerca de 300 estudantes que moram na zona rural ficaram sem aula por falta de transporte. Cravinhos também passou o dia sem coleta de lixo e serviço de limpeza.
Somente o posto de saúde funcionou normalmente, informaram os vereadores de Cravinhos.
A Câmara registrou o fato em boletim de ocorrência na Polícia Civil. "Fizemos isso para preservar os funcionários que não puderam trabalhar e poderiam perder o dia", afirmou o vereador José Ferdinando (PSDB).
Pela manhã, cerca de cem pessoas esperaram a chegada da prefeita, que não apareceu.
A promotoria prepara uma ação, que deve ser protocolada depois de amanhã, pedindo um novo afastamento da prefeita.
Eliana será acusada, segundo o promotor, de cometer irregularidades no período em que substituiu o ex-prefeito José Amoroso, seu pai e que também foi cassado.
No mês passado, como o cargo de prefeito estava vago, houve nova eleição na cidade e Vessi acabou eleito pela maioria dos votos.
Ontem, ele esteve no TJ tentando inverter a decisão da liminar.
O desembargador Amador da Cunha Bueno Neto, que reconduziu Eliana à prefeitura, afirmou em seu despacho que a liminar vale até o julgamento da ação principal.
Assim, pode ocorrer de a prefeita perder o processo e o atual prefeito eleito (Vessi) voltar ao cargo.
Juristas consultados pela Folha afirmam que a liminar do tribunal precisa ser cumprida, sob o risco de cometer um crime. Mas foram unânimes em afirmar que o prefeito eleito nas últimas eleições deveria continuar no cargo.
No pedido de liminar, o advogado Wagner Sarti, que representa Eliana, afirmou que os vereadores cometeram erros na cassação.


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