São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2001

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Em 92, PM usava bomba "rudimentar"

DA REPORTAGEM LOCAL

A adoção em larga escala do armamento não-letal é, de acordo com o comandante da tropa de choque da PM, coronel Osvaldo Barros Júnior, uma das razões para explicar por que ações como a que conteve a rebelião de presos no pavilhão 9 da Casa de Detenção, em 1992, não se repetem mais. Conhecida como massacre do Carandiru, a operação provocou a morte de 111 presos.
"A bomba que tínhamos naquela época era muito rudimentar. A grande eficiência do choque, hoje, é o resultado de novo equipamento. E cada vez mais o governo tem de acreditar e investir nisso", afirma o coronel.
Na avaliação do comandante, o choque nunca contabilizou tantos êxitos em ações delicadas quanto nos últimos meses, com a megarrebelião dos presídios e o último motim na Febem, quando policiais tomaram a unidade de Franco da Rocha pelo teto.
"Eu vou ser convencido ao falar que, pelo que vi, o melhor choque do mundo é o da Polícia Militar de São Paulo", afirma o coronel Barros. Ele ressalta que a "polícia de cada país reflete, de certa forma, a cultura do seu povo".
Segundo ele, a megarrebelião "foi uma quebra de regras que há muitos não se fazia". "Os parentes foram usados como escudo. Para cada 100 pessoas, 80 eram mulheres e crianças. Retiramos de três a quatro botijões de gás usado em solda, enrolados em cobertores, prontos para explodir", diz. O que ocorreu com Ingrid, para ele, "foi um acidente".
"Não é fácil a população entender as operações da tropa", diz Barros. "Na verdade, a ação tem de provocar mais reação do que impacto. É um recurso psicológico", afirma.
A movimentação dos soldados, explica, são "mensagens". "Fazemos a incursão para cima da massa de forma a dissuadi-la. Digamos que haja resistência. Aí lançamos uma bomba de efeito moral, como se falássemos: "Estamos avisando. Você vai se machucar"."

Segurança
Atualmente, a preocupação da corporação também está voltada para os equipamentos de segurança dos próprios policiais. Isso porque, segundo ele, os criminosos estão usando armamentos muito mais pesados do que antes.
"São armas de grosso calibre, que, com as atuais proteções balísticas, fica difícil trabalhar", afirma o coronel Barros.
Os equipamentos usados pelos soldados do choque são escudo, capacete com viseira, ombreiras e tornozeleiras a prova de balas. A nova versão desses acessórios, que está sendo adotada gradualmente, é mais resistente.


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