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Em 92, PM usava bomba "rudimentar"
DA REPORTAGEM LOCAL
A adoção em larga escala do armamento não-letal é, de acordo
com o comandante da tropa de
choque da PM, coronel Osvaldo
Barros Júnior, uma das razões para explicar por que ações como a
que conteve a rebelião de presos
no pavilhão 9 da Casa de Detenção, em 1992, não se repetem
mais. Conhecida como massacre
do Carandiru, a operação provocou a morte de 111 presos.
"A bomba que tínhamos naquela época era muito rudimentar. A
grande eficiência do choque, hoje,
é o resultado de novo equipamento. E cada vez mais o governo tem
de acreditar e investir nisso", afirma o coronel.
Na avaliação do comandante, o
choque nunca contabilizou tantos
êxitos em ações delicadas quanto
nos últimos meses, com a megarrebelião dos presídios e o último
motim na Febem, quando policiais tomaram a unidade de Franco da Rocha pelo teto.
"Eu vou ser convencido ao falar
que, pelo que vi, o melhor choque
do mundo é o da Polícia Militar de
São Paulo", afirma o coronel Barros. Ele ressalta que a "polícia de
cada país reflete, de certa forma, a
cultura do seu povo".
Segundo ele, a megarrebelião
"foi uma quebra de regras que há
muitos não se fazia". "Os parentes
foram usados como escudo. Para
cada 100 pessoas, 80 eram mulheres e crianças. Retiramos de três a
quatro botijões de gás usado em
solda, enrolados em cobertores,
prontos para explodir", diz. O que
ocorreu com Ingrid, para ele, "foi
um acidente".
"Não é fácil a população entender as operações da tropa", diz
Barros. "Na verdade, a ação tem
de provocar mais reação do que
impacto. É um recurso psicológico", afirma.
A movimentação dos soldados,
explica, são "mensagens". "Fazemos a incursão para cima da massa de forma a dissuadi-la. Digamos que haja resistência. Aí lançamos uma bomba de efeito moral, como se falássemos: "Estamos
avisando. Você vai se machucar"."
Segurança
Atualmente, a preocupação da
corporação também está voltada
para os equipamentos de segurança dos próprios policiais. Isso
porque, segundo ele, os criminosos estão usando armamentos
muito mais pesados do que antes.
"São armas de grosso calibre,
que, com as atuais proteções balísticas, fica difícil trabalhar", afirma o coronel Barros.
Os equipamentos usados pelos
soldados do choque são escudo,
capacete com viseira, ombreiras e
tornozeleiras a prova de balas. A
nova versão desses acessórios,
que está sendo adotada gradualmente, é mais resistente.
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