São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2001

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Surdos aprendem duas línguas#

DA EQUIPE DE TRAINEES

A principal divergência no tratamento do deficiente auditivo tem sido a requisição do Ines (Instituto Nacional de Educação de Surdos) de que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) seja ensinada nas escolas antes do português.
A Seesp (Secretaria de Educação Especial) quer o ensino paralelo de ambas, informa a secretária Marilene Ribeiro dos Santos.
O primeiro trabalho a formalizar a Libras foi o livro "Iconografia dos Sinais dos Surdos-Mudos", de 1875, escrito por Flausino José da Gama. Nele há o alfabeto de Libras e vários sinais para representar alimentos, bebidas, roupas etc. Cada país tem a sua própria língua de sinais.
Segundo Solange Rocha, diretora do Departamento de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ines, os sinais variam devido à evolução da língua e aos regionalismos. Só o alfabeto é imutável. "Mas o alfabeto só é usado para palavras sem um sinal específico."
O Ines fica no Rio de Janeiro e atende gratuitamente a dez adultos em aulas de alfabetização noturnas e a 48 crianças da 1ª série. O conteúdo é passado em Libras, mas escrito em português.
Em São Paulo a Folha visitou a escola estadual Prudente de Moraes, que ensina simultaneamente Libras e o português. Segundo Neila Araújo, pedagoga e fonoaudióloga da escola, a principal dificuldade do deficiente auditivo é o entendimento da função de preposições e conjunções. "Geralmente o surdo faz redações apenas com verbo e sujeito."
Já Solange disse não acreditar numa dificuldade específica por não existir a "entidade" aluno deficiente auditivo. "Há uma heterogeneidade muito grande entre os alunos e os conhecimentos com que chegam à escola."


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