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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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CAOS NO RIO

O Terceiro Comando, cujo líder, Linho, está em liberdade, deverá ser um dos principais alvos do novo secretário

Desafio de Garotinho é desarticular facção

Marco Antonio Rezende/Folha Imagem
Vista do complexo do Caju, no Rio de Janeiro; área onde atuam integrantes do Terceiro Comando


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Um dos principais desafios do novo secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, será desarticular a facção criminosa Terceiro Comando, cujos principais chefes estão em liberdade, entre eles Paulo César Silva dos Santos, 31, o Linho, o traficante mais procurado do Rio de Janeiro.
Após ataques a hotéis, shoppings e ônibus, atribuídos ao Comando Vermelho, o TC voltou a ficar em evidência na última semana, depois que membros do grupo metralharam um microônibus da PM e incendiaram um ônibus no complexo da Maré.
Sob o comando do secretário de Segurança demissionário, coronel Josias Quintal, operações em redutos do TC, realizadas antes da sequência de ataques promovidos pelo CV, resultaram na morte de 13 traficantes só no morro da Pedreira (zona norte). Todos do segundo escalão do tráfico.
A polícia prendeu neste ano o principal chefe do CV nas ruas, Jorge Alexandre Cândido Maria, 30, o Sombra, e matou um dos líderes em ascensão, Jurandir Dias do Nascimento, o Caju.
Apontado como chefe máximo do TC, Linho controla 12 das 15 favelas do complexo da Maré e os morros da Pedreira e da Lagartixa (zona norte). Além de atuar no varejo, é atacadista de drogas. Segundo investigações, o traficante estaria escondido em SP, onde lavaria o dinheiro do tráfico. Seu braço direito, Edmilson Ferreira dos Santos, o Sassá, está solto.
Outro chefe do TC em liberdade é Robson André da Silva, 30, o Robinho Pinga, que domina o tráfico nas favelas do Rebu e da Coréia (zona oeste) e de Parada de Lucas (zona norte). Assim como Linho, com quem está rompido, Pinga é atacadista. Acusado de ser o autor do atentado ao prédio da Prefeitura do Rio, em 2002, o traficante Irapuan Lopes, o Gangan, também está sendo procurado. Ele domina o tráfico nos morros São Carlos, Coroa e Querosene (centro) e da Serrinha (zona norte).
Solto em 2002, o traficante Romildo de Souza Costa, o Miltinho do Dendê, teria retornado ao tráfico, segundo a polícia. Um dos fundadores do TC, ele controlaria o tráfico no morro do Dendê (Ilha do Governador, zona norte).
A polícia procura também o traficante Alberico Souza de Medeiros, o Derico, apontado como o chefe do tráfico no complexo de Acari (zona norte). Chefe do tráfico da favela Vila Ipiranga, a principal de Niterói (RJ), Anderson Oliveira Santos, 20, o Anderson Negão, ainda não foi recapturado após ter fugido da prisão.
Outro nome do TC procurado é Arley Azevedo, que controla o tráfico na favela do Muquiço (zona norte). Para a polícia, Azevedo é o principal organizador dos bondes (comboio de homens armados) da facção. A polícia também procura Nei da Conceição, o Facão, do morro do Timbau (complexo da Maré), que está em guerra com o antigo aliado Linho.
José Roberto da Silva Filho, o Robertinho de Lucas, outro fundador do TC, foi solto em 2002. A polícia investiga se ele continua no tráfico. Neste ano, só um traficante de "ponta" do TC foi preso: Ronaldo Ferreira do Nascimento, 28, o Mocotó, que atuava no morro da Pedreira. Para a polícia, ele era o responsável pela lavagem de dinheiro de Linho em SP.
A coordenadora de inteligência da Polícia Civil, Marina Maggessi, disse que todos os atuais líderes do TC já foram presos e saíram da prisão beneficiados pela Justiça.


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