São Paulo, segunda, 27 de abril de 1998

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EDUCAÇÃO
Estado de SP é responsável por metade da ciência do país

MARTA AVANCINI
da Reportagem Local

O Estado de São Paulo é responsável por metade da ciência produzida no Brasil. Essa é uma das conclusões que se extrai de um estudo inédito e recém-concluído pela Fapesp, intitulado "Ciência e Tenologia em São Paulo Anos 1990", obtido com exclusividade pela Folha.
É um primeiro esforço de produzir indicadores de ciência e tecnologia no Estado e foi produzido a partir de informações dos governos federal, estadual e da iniciativa privada, entre 90 e 95.
A partir desses dados, os pesquisadores concluíram que os cientistas de São Paulo produzem metade dos artigos científicos publicados no país (15.666 de um universo de 31.442). Os pesquisadores paulistas escreveram 47% dos 14.197 artigos brasileiros publicados em outros países.
Existem dois critérios aceitos internacionalmente para medir a produção de ciência e tecnologia: as publicações (medem a produção de conhecimento científico) e as patentes (medem as tecnologias e produtos desenvolvidos).
Nesse segundo indicador, São Paulo também tem um desempenho importante: em 95, das 7.309 patentes solicitadas 3.701 (50,64%) são de Estado. Esse universo considera patentes pedidas por residentes no Brasil.
A participação de São Paulo na produção científica nacional pode ser explicada pela concentração de riqueza -o Estado respondeu por um terço do PIB (Produto Interno Bruto) nacional em 95. Além disso, há em São Paulo características que favorecem a produção de conhecimento e tecnologia.
O Estado montou e mantém uma estrutura que combina recursos federais e estaduais no financiamento de formação de pessoal e de projetos -ou seja, há uma "divisão de responsabilidades".
Segundo o estudo da Fapesp, o governo estadual, o federal e a iniciativa privada têm participação quase equivalente no financiamento da ciência, cerca de 30% cada. A participação do Estado se dá por meio da manutenção de três universidades públicas -USP, Unicamp e Unesp- e do financiamento a bolsistas e de projetos via Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
O governo federal atua mais fortemente na formação dos bolsistas da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). "São Paulo tem um sistema equilibrado. No resto do país, há falta de recursos", diz Francisco Landi, diretor-presidente da Fapesp.
Nos outros Estados, é forte a dependência em relação aos recursos federais e, em muitos, nem sequer há secretarias responsáveis pelo setor.



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