São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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SEGURANÇA

Na Bahia, três irmãos são presos sob a acusação de assassinar desempregados para receber seguro; eles negam

Grupo é acusado de matar mendigo em golpe

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Após mais de dois anos de investigação, a polícia de Ilhéus (429 km de Salvador) prendeu três irmãos, donos de duas funerárias, acusados de matar mendigos para receber apólices de seguro.
Além dos irmãos José Avelino de Jesus, Sivaldo Avelino de Jesus e Crispiniano Avelino de Jesus, ainda foram decretadas as prisões temporárias do comerciante José Félix Rodrigues e do advogado Nélson Malinardi, também acusados de pertencerem ao grupo. Os dois estão foragidos.
"Todos foram indiciados por assassinato, tentativa de homicídio, formação de quadrilha e falsidade ideológica", disse o delegado Evy Paternostro.
Segundo ele, uma morte "sem explicação" foi a chave para identificar a suposta quadrilha. "Os policiais estranharam o fato de um mendigo [José Santos] ter morrido afogado em uma poça de 30 centímetros de profundidade, localizada na fazenda que pertence aos pais dos irmãos que foram detidos." Santos morreu em 2002.
A polícia descobriu que o mendigo havia sido atropelado quatro vezes nos oito meses anteriores à morte, além de ter sido espancado em outras duas oportunidades.
"Depois, descobrimos que ele pagava R$ 271,20 por mês a uma seguradora, valor impossível para quem recebia apenas R$ 60 por mês da funerária que pertence aos irmãos acusados." Paternostro disse que os beneficiários do seguro eram os irmãos José e Sivaldo de Jesus.
Os beneficiários não conseguiram receber o valor do seguro -R$ 269.172,50, já que o pagamento foi bloqueado.
A PM também descobriu que outros quatro desempregados de Ilhéus pagavam apólices -pelos contratos, os beneficiários eram os irmãos que foram detidos. Um dos desempregados é Jailson Francisco Jesus dos Santos.
"Em caso de morte, a beneficiária era Crispina Avelino de Jesus Filho, irmã dos três que estão detidos", disse o delegado. Nos últimos seis meses, Santos foi atropelado duas vezes.
Na semana passada, Ângelo Antonio Souza, ex-funcionário da funerária, sofreu uma tentativa de homicídio na zona rural de Ilhéus.
Segundo Paternostro, outros oito desempregados foram assassinados em Ilhéus nos últimos dois anos -pelo menos três tinham seguro. À polícia, os irmãos negaram a acusação. "Não pedimos para ninguém fazer seguro em nosso nome. Se alguma coisa foi feita, foi alheia à nossa vontade", disse Crispiniano de Jesus.


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