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SEGURANÇA
Na Bahia, três irmãos são presos sob a acusação de assassinar desempregados para receber seguro; eles negam
Grupo é acusado de matar mendigo em golpe
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Após mais de dois anos de investigação, a polícia de Ilhéus (429
km de Salvador) prendeu três irmãos, donos de duas funerárias,
acusados de matar mendigos para
receber apólices de seguro.
Além dos irmãos José Avelino
de Jesus, Sivaldo Avelino de Jesus
e Crispiniano Avelino de Jesus,
ainda foram decretadas as prisões
temporárias do comerciante José
Félix Rodrigues e do advogado
Nélson Malinardi, também acusados de pertencerem ao grupo.
Os dois estão foragidos.
"Todos foram indiciados por
assassinato, tentativa de homicídio, formação de quadrilha e falsidade ideológica", disse o delegado
Evy Paternostro.
Segundo ele, uma morte "sem
explicação" foi a chave para identificar a suposta quadrilha. "Os
policiais estranharam o fato de
um mendigo [José Santos] ter
morrido afogado em uma poça de
30 centímetros de profundidade,
localizada na fazenda que pertence aos pais dos irmãos que foram
detidos." Santos morreu em 2002.
A polícia descobriu que o mendigo havia sido atropelado quatro
vezes nos oito meses anteriores à
morte, além de ter sido espancado
em outras duas oportunidades.
"Depois, descobrimos que ele
pagava R$ 271,20 por mês a uma
seguradora, valor impossível para
quem recebia apenas R$ 60 por
mês da funerária que pertence aos
irmãos acusados." Paternostro
disse que os beneficiários do seguro eram os irmãos José e Sivaldo de Jesus.
Os beneficiários não conseguiram receber o valor do seguro
-R$ 269.172,50, já que o pagamento foi bloqueado.
A PM também descobriu que
outros quatro desempregados de
Ilhéus pagavam apólices -pelos
contratos, os beneficiários eram
os irmãos que foram detidos. Um
dos desempregados é Jailson
Francisco Jesus dos Santos.
"Em caso de morte, a beneficiária era Crispina Avelino de Jesus
Filho, irmã dos três que estão detidos", disse o delegado. Nos últimos seis meses, Santos foi atropelado duas vezes.
Na semana passada, Ângelo Antonio Souza, ex-funcionário da
funerária, sofreu uma tentativa de
homicídio na zona rural de Ilhéus.
Segundo Paternostro, outros oito desempregados foram assassinados em Ilhéus nos últimos dois
anos -pelo menos três tinham
seguro. À polícia, os irmãos negaram a acusação. "Não pedimos
para ninguém fazer seguro em
nosso nome. Se alguma coisa foi
feita, foi alheia à nossa vontade",
disse Crispiniano de Jesus.
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