São Paulo, Terça-feira, 27 de Julho de 1999
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JUSTIÇA
Jovens foram mortos por policiais
Mãe quer indenização pela morte do filho

MARCUS BATISTA
free-lance para a Agência Folha

A procuradora Silvia Regina Ferreira Giordano entrou com uma ação por danos morais e materiais na Vara da Fazenda Pública do Estado, em São Paulo, pela morte de seu filho Thiago Passos Ferreira, 17. Ela está reivindicando uma indenização de R$ 1,4 milhão do governo do Estado.
A ação não inclui Paulo Roberto da Silva, 19, e Anderson dos Santos, 14, os outros dois rapazes que foram mortos, junto com Thiago, por PMs em Praia Grande (litoral de SP). Silvia Giordano exige também uma pensão cujo valor será arbitrado pela Justiça.
A procuradora justifica a ação como uma questão moral. "Não me importo se a indenização for de R$ 1.000 ou R$ 1 milhão. O dinheiro não vai me confortar, mas é a única via que tenho para acabar com a impunidade."
Silvia Giordano explica também que a ação serve como forma de punir o governo, que deveria zelar pela segurança de seu filho. "O processo criminal já vai se encarregar de punir as pessoas que cometeram os crimes", afirmou.
O advogado da procuradora, Nazário Guirao, se baseou no caso da professora paulistana Adriana Caringi, morta em 1990 por um tiro de um policial quando era refém de um assaltante.
A dona-de-casa Maria da Conceição da Silva, mãe de Paulo Roberto, afirmou que prefere esperar pelo resultado do julgamento dos policiais militares para pedir indenização ao Estado. Os pais de Anderson não foram localizados para comentar o assunto. O comando da PM em São Paulo não quis falar sobre o caso.
Os três garotos foram detidos por quatro policiais militares na praia do Itararé, em São Vicente, no dia 17 de fevereiro. Eles haviam saído de um baile de Carnaval. Os jovens foram encontrados com tiros na cabeça 17 dias depois num matagal em Praia Grande.
Os quatro policiais confessaram o crime, mas alegaram que os rapazes teriam reagido a uma revista de rotina.


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