da Folha Campinas

Professores da FCM (Faculdade de Ciências Médicas) da Unicamp que não atendem pelo SUS também estão sendo beneficiados pelo Fucs (Fundo de Complementação Salarial), desviado do dinheiro que serviria para o atendimento de pacientes, segundo o chefe do DML (Departamento de Medicina Legal), Ricardo Molina.
O reitor Hermano Tavares e o diretor associado da FCM, Rogério Antunes Pereira Filho, admitem que pelo menos quatro médicos que exercem funções administrativas recebem a verba e não trabalham no atendimento.
O próprio superintendente do HC da Unicamp, Paulo Rodrigues Silva, admite que recebe do Fucs, mas não faz atendimentos.
"Eu trabalho como superintendente e, de uma forma ou de outra, me dedico o dia inteiro ao assistencialismo", diz. Silva também recebe complementação salarial por chefiar o HC.
De acordo com o diretor do DML, o departamento tem quatro professores da FCM e apenas um tem o benefício: Fortunato Antonio Badan Palhares, que ganha do Fucs (Fundo de Complementação Salarial) além do seu salário e complementações.
Palhares recebe do Fucs oito horas semanais por prestar "assistência" à clientela do SUS. Molina, chefe de Badan, afirma que tem encaminhado ofícios para o Fucs, informando que Palhares não deve receber a verba porque não atende pacientes do SUS.
"Mando os formulários do Fucs, negando o benefício, além de ofícios, e ele continua recebendo do SUS. Se o Badan não passa sequer oito horas no DML, como ele vai prestar oito horas de assistência?", questionou Molina.
Badan afirmou que não quer dar satisfação do que faz na universidade. "Só devo satisfação às autoridades da Unicamp", disse.
A Unicamp justificou o trabalho de Badan por meio de declarações de médicos que atestam sua participação na orientação de outros médicos. O diretor associado da FCM admitiu que os procedimentos não estão previstos no SUS. (SA e GP)

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