|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Clima de insegurança entre policiais aumenta com mais 2 assassinatos
DA SUCURSAL DO RIO
Os assassinatos do policial civil
Luiz Paulo Rodrigues Maia e do
guarda municipal Adriano Abreu
de Moraes, na madrugada de ontem, aumentaram o clima de revolta e medo entre policiais do
Rio, por causa da onda recente de
assassinatos contra a categoria.
No enterro do detetive Maia,
realizado ontem à tarde no cemitério de Inhaúma e acompanhado
por cerca de 200 pessoas, o clima
era de tensão. Revoltados, alguns
policiais reclamaram da insegurança e ameaçaram fechar a Linha
Amarela, uma das maiores avenidas do Rio, em protesto.
Só neste mês, mais nove policiais foram mortos. Pelo menos
seis deles foram assassinados por
traficantes após serem identificados como policiais. Ontem, o comandante da PM, Wilton Ribeiro,
divulgou novas estatísticas sobre
o número de policiais mortos no
Estado, que diferem das que haviam sido fornecidas anteontem à
Folha pelo próprio Ribeiro. Os
primeiros números, segundo ele,
incluíam todos os tipos de morte.
Este ano, segundo o comandante, 56 policiais foram mortos, em
comparação aos 70 casos registrados em 1999; 60 em 1998; 56 em
1997; 73 em 1996 e 69 em 1995.
A morte do detetive Maia aconteceu no Riachuelo (zona norte),
às 0h38. Cinco homens num Vectra renderam os ocupantes de um
Astra e depois abordaram o policial, que seguia em seu Gol.
Uma testemunha viu tudo de
dentro de um ônibus que passava
na rua. Disse que, quando os homens notaram que Maia estava
armado, dispararam pelo menos
cinco tiros contra ele e fugiram. O
Gol não foi levado.
Na Linha Amarela, o corpo do
guarda Moraes foi encontrado às
0h27. Ele levou tiros na cabeça, e o
corpo foi deixado perto de seu
carro, um Astra, que também não
foi roubado. A farda dele estava
no porta-malas do carro. Segundo a Guarda Municipal, o rapaz
estava indo para casa.
O delegado Paulo Tarso, responsável pelo caso da morte do
detetive, disse que os suspeitos
são traficantes da favela do Rato
Molhado. A polícia vai tentar apurar se os responsáveis pelas mortes eram do mesmo grupo.
Um delegado ouvido pela Folha
disse que muitos policiais estão
com medo, porque, segundo ele,
"normalmente, o policial é caçador, e agora está virando caça".
O secretário de Segurança, Josias Quintal, disse não acreditar
numa ação orquestrada de traficantes contra policiais. Também
afirma não temer que os policiais
queiram vingar seus colegas.
(FERNANDA DA ESCÓSSIA)
Texto Anterior: Rio: Sobrevivente da Candelária é assassinada Próximo Texto: Panorâmica: Tiroteio dentro de ônibus deixa dois mortos e quatro feridos em Duque de Caxias Índice
|