São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 2000

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Clima de insegurança entre policiais aumenta com mais 2 assassinatos

DA SUCURSAL DO RIO

Os assassinatos do policial civil Luiz Paulo Rodrigues Maia e do guarda municipal Adriano Abreu de Moraes, na madrugada de ontem, aumentaram o clima de revolta e medo entre policiais do Rio, por causa da onda recente de assassinatos contra a categoria.
No enterro do detetive Maia, realizado ontem à tarde no cemitério de Inhaúma e acompanhado por cerca de 200 pessoas, o clima era de tensão. Revoltados, alguns policiais reclamaram da insegurança e ameaçaram fechar a Linha Amarela, uma das maiores avenidas do Rio, em protesto.
Só neste mês, mais nove policiais foram mortos. Pelo menos seis deles foram assassinados por traficantes após serem identificados como policiais. Ontem, o comandante da PM, Wilton Ribeiro, divulgou novas estatísticas sobre o número de policiais mortos no Estado, que diferem das que haviam sido fornecidas anteontem à Folha pelo próprio Ribeiro. Os primeiros números, segundo ele, incluíam todos os tipos de morte.
Este ano, segundo o comandante, 56 policiais foram mortos, em comparação aos 70 casos registrados em 1999; 60 em 1998; 56 em 1997; 73 em 1996 e 69 em 1995.
A morte do detetive Maia aconteceu no Riachuelo (zona norte), às 0h38. Cinco homens num Vectra renderam os ocupantes de um Astra e depois abordaram o policial, que seguia em seu Gol.
Uma testemunha viu tudo de dentro de um ônibus que passava na rua. Disse que, quando os homens notaram que Maia estava armado, dispararam pelo menos cinco tiros contra ele e fugiram. O Gol não foi levado.
Na Linha Amarela, o corpo do guarda Moraes foi encontrado às 0h27. Ele levou tiros na cabeça, e o corpo foi deixado perto de seu carro, um Astra, que também não foi roubado. A farda dele estava no porta-malas do carro. Segundo a Guarda Municipal, o rapaz estava indo para casa.
O delegado Paulo Tarso, responsável pelo caso da morte do detetive, disse que os suspeitos são traficantes da favela do Rato Molhado. A polícia vai tentar apurar se os responsáveis pelas mortes eram do mesmo grupo.
Um delegado ouvido pela Folha disse que muitos policiais estão com medo, porque, segundo ele, "normalmente, o policial é caçador, e agora está virando caça".
O secretário de Segurança, Josias Quintal, disse não acreditar numa ação orquestrada de traficantes contra policiais. Também afirma não temer que os policiais queiram vingar seus colegas.
(FERNANDA DA ESCÓSSIA)



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