|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Escolha de quem seria jogado era aleatória"
da Reportagem Local
O monitor José Carlos
Costa, 42, viu um monitor
ser jogado de cinco metros
de altura e um outro adolescente morrer. Segue o relato:
"Quando invadiram e dominaram a situação, os moleques obrigaram os monitores a andar de cabeça baixa o tempo todo, não dava
nem para ver quem batia.
Todos cobriram a cabeça
para não ser reconhecidos.
Desde o início da rebelião,
fui tomando pauladas nas
costas e na cabeça. Eu estou
com a cabeça toda doendo e
estou cheio de hematomas
pelo corpo.
Lá dentro, a gente (os monitores) procurava os lugares mais calmos e tentava
andar juntos, para tentar se
proteger. Quando eles colocaram fogo na ala C, não tinha mais para onde correr.
Ai, eles não deixavam a gente ficar juntos.
Chegaram a algemar os
monitores e a nos arrastar
pelo braço. Ninguém podia
ajudar o outro ou fazer nada.
Vi um interno do seguro
morrer. Ele tinha assassinado uma criança de sete anos
de idade e estava na Febem
há três dias.
Ele levou tanta paulada.
Foi morto por uns 15 meninos, com chutes, pedaços de
ferro e pauladas.
O menino tentou correr,
fugir, até que caiu de tanto
apanhar. Ele implorou para
não morrer, mas não teve
jeito. Ficou lá caído.
Vi os menores jogar um
monitor lá de cima (cinco
metros de altura). Era o Edmilson, que ainda está no
hospital. Ele levou 18 estiletadas e terá que ser operado.
A escolha dos monitores
que seriam jogados foi aleatória, qualquer um que estivesse na frente poderia ser a
vítima.
Na verdade, todos os monitores apanharam, só que
alguns tiveram mais sorte.
Não sei se volto para a Febem. Se fosse hoje, não voltaria. Não tenho condições.
Tenho que refletir direitinho, é difícil. Hoje eu tenho
medo deles e não dá para
trabalhar na Febem com
medo dos meninos.
Só consegui sair porque
um dos meninos me usou
para negociar com a polícia.
Ele me me levou até a saída.
Quando vi que estava perto
da tropa de choque, sabia
que eu não ia voltar."
Texto Anterior: Menino implorou pela vida antes de morrer, diz refém Próximo Texto: Parentes de internos tentam agredir monitor que foi refém Índice
|