DA REPORTAGEM LOCAL

Diretor de relações corporativas da AmBev, maior fabricante de cerveja do país, Milton Seligman, 52, diz que a auto-regulamentação é o suficiente para o setor. "Prefiro entender que estamos do mesmo lado. Governo, sociedade, OMS e publicitários entenderam que têm condições de enfrentar os danos causados pelo mau uso do álcool."
Sem revelar valores, a AmBev iniciou neste ano campanha de consumo responsável, centrada principalmente no beber e dirigir.
 

Folha - Como foi desenhada a campanha?
Milton Seligman - Uma das nossas áreas é o consumo responsável. Queremos que nosso produto seja consumido por adultos, moderadamente e com redução dos riscos. Por isso aderimos agora, crescentemente, ao consumo responsável. Começou com a criação da AmBev, há três anos. No primeiro ano já fizemos publicidade sobre beber e dirigir. Desde então a empresa se preocupa em não permitir menores em eventos. Outra decisão importante foi usar uma marca na questão de beber e dirigir. Outra é o trabalho para o ponto-de-venda cumprir a lei de 1942 que proíbe a venda de produtos alcoólicos para menores.

Folha - O setor de saúde considera que esse movimento tem relação com a idéia de uma regulamentação mais pesada para a área.
Seligman - Prefiro entender que estamos do mesmo lado. Governo, sociedade, OMS e publicitários entenderam que têm condições de enfrentar os danos causados pelo mau uso do álcool. Não vejo contradição nisso, nem agimos por medo. Doamos 14 mil bafômetros para RJ, SP, RS e DF. Queremos que não haja dano no consumo de bebida, que seja consumo prazeroso, festivo.

Folha - Avalia-se que a indústria investe no "não dirija quando beber" porque não afeta o consumo.
Seligman - Claro que queremos vender cerveja. Mas é falso imaginar que a única forma de ter atuação responsável sobre o consumo de cerveja é não querer vendê-la.

Folha - A auto-regulamentação é suficiente?
Seligman - Mais do que isso, é o contraponto democrático da comunicação comercial, que a sociedade defende na comunicação de notícias. Assim como a sociedade se empenhou e sustenta um sistema de liberdade de imprensa, assim defendo que haja liberdade de comunicação comercial. (FL)


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