|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRANSPORTE
Ociosidade se deve a atraso na construção da linha 4,
prometida desde 1995, mas que não começará a operar antes de 2008
Subutilizada, linha 5 do metrô dá prejuízo de R$ 2,8 mi por mês
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Elisabete Rosalino, 47, vai trabalhar diariamente de metrô e afirma sem ter medo de se enganar:
sempre conseguiu viajar sentada,
nunca teve de ir em pé.
Aliada ao fato de andar nas
composições mais modernas da
rede sobre trilhos de São Paulo,
que têm até ar-condicionado, essa
situação é confortável para Rosalino e para os demais passageiros
da linha 5-lilás, que liga Largo
Treze e Capão Redondo, na periferia da zona sul. Mas, ao mesmo
tempo, é símbolo do fracasso de
público dessa obra.
Depois de investimentos de US$
646 milhões (valor que se aproximaria hoje de R$ 1,85 bilhão) da
administração Covas/Alckmin
(PSDB), a linha de 8,4 km inaugurada em outubro de 2002 transportou no mês passado uma média inferior a 22 mil passageiros
por dia -contra uma previsão de
85 mil anunciada para julho e de
150 mil para dezembro de 2003.
A atual demanda representa somente 0,8% de todos os usuários
do Metrô paulista e chega a ser
menor que a de uma única linha
de ônibus municipal -como a
Jardim Miriam-Vila Gomes, que
carrega 26 mil passageiros/ dia.
O que essa ligação do Metrô arrecadou nas catracas de janeiro a
agosto de 2004 foi suficiente para
cobrir somente 16% de seu custo
operacional -a receita foi de R$
4,32 milhões, contra R$ 26,94 milhões de despesas com manutenção e 294 funcionários. O prejuízo
de R$ 2,8 milhões mensais, coberto pelo superávit das outras linhas, só não foi maior porque as
seis estações da linha 5-lilás fecham aos finais de semana.
A construção dessa ligação do
Metrô consumiu um terço de todos os investimentos feitos pelo
Estado na rede sobre trilhos desde
1995. A ociosidade se repete na linha C da CPTM (Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos), que concentrou gastos de
US$ 259 milhões -valor próximo hoje de R$ 740 milhões.
O Metrô começou neste mês
uma série de medidas para tentar
dobrar a utilização da linha 5-lilás
-a nova meta é passar de 40 mil
usuários em 2005. Foram liberadas baldeações gratuitas com oito
linhas de ônibus intermunicipais,
que levaram a um recorde de 32
mil passageiros anteontem. Mais
sete linhas, de municípios como
Itapecerica da Serra e Embu, serão integradas no mês que vem.
O que mais preocupa na ociosidade da linha 5-lilás, porém, é a
impossibilidade de reverter essa
situação de forma mais significativa no curto ou médio prazos.
A origem de seu problema é a
ausência da linha 4-amarela do
Metrô (Luz-Vila Sônia), prometida pelo Estado desde 1995, mas
que começou suas obras somente
em 2003 e que não terá sua primeira fase pronta antes de 2008.
Sem a linha 4, a ligação Capão
Redondo-Largo Treze, construída na área paulistana considerada
mais carente em transporte coletivo pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), financiador do projeto, acaba servindo somente para ligar bairros.
Quem se dirige à região central
prefere pegar um ônibus direto.
Com a linha 4, que deveria ter ficado pronta antes, os acessos ao
centro ficarão facilitados -haverá a possibilidade de fazer baldeação com a linha C da CPTM e, em
seguida, com a estação Pinheiros.
A operação completa da linha
do Capão Redondo só deverá
ocorrer, entretanto, depois de sua
extensão até a Vila Mariana e a
Chácara Klabin -obra projetada,
mas sem prazo para sair do papel.
Texto Anterior: Ambiente: Acaba greve de funcionários do Ibama Próximo Texto: Trem da marginal é o mais vazio Índice
|