São Paulo, sábado, 27 de novembro de 2004

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Pesquisa destaca peso dos fatores ambientais

DA REPORTAGEM LOCAL

Vários estudos epidemiológicos têm tentado avaliar o peso dos fatores ambientais e dos determinantes genéticos para o aparecimento do câncer.
Um dos mais interessantes foi feito por pesquisadores da Fundação Instituto Osvaldo Cruz, do Rio de Janeiro. Comparando índias terena que viviam na tribo com outras que moravam em Campo Grande (capital do Mato Grosso do Sul), percebeu-se que, ao longo dos anos, aquelas que levavam o modo de vida tradicional não apresentaram um único caso de câncer de mama.
Já aquelas que se mudaram para a capital, e ao longo do tempo adquiriram os hábitos da cidade, começaram a apresentar o câncer de mama em taxas crescentes, até se igualar à população urbana, mesmo sendo ela formada por um composto de outras etnias.
Um começo de explicação está nos hábitos sexuais e de procriação. Os pesquisadores observaram que as índias em tribo começavam a menstruar aos 15 anos e paravam aos 45. Entre as duas idades, pouca ou nenhuma menstruação, já que elas estavam sempre grávidas ou amamentando. Situação bem diversa ocorria entre as que viviam na cidade, com a primeira gravidez adiada e poucas gestações ao longo da vida.
Junte-se a isso o sedentarismo das "urbanas" e a aquisição de hábitos alimentares que privilegiam alimentos gordurosos e sem fibras vegetais e explica-se a maior incidência de câncer de mama entre as "urbanas", versus as tribais.
Outros estudos, que avaliaram a incidência de cânceres entre japoneses e italianos que imigraram para os Estados Unidos, mostram como, em poucos anos, os padrões de incidência de câncer desses imigrantes deixaram de ser os de seus países de origem, trocados pelo padrão americano.
"Não há dúvida de de que o peso dos fatores ambientais é prevalente sobre os fatores étnicos", diz a médica Gulnar Azevedo. (LC)


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