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Grupos apostam em aquisições e cursos a distância
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Além da expansão em seus
campi, os grandes grupos investem na compra de faculdades menores e se preparam para um forte crescimento da
educação a distância. O objetivo é contar com unidades pelo
país que sirvam de pólos presenciais, uma das exigências do
MEC para a modalidade.
Nos pólos, os alunos fazem
provas e utilizam estruturas
como biblioteca e laboratórios.
A aquisição de pequenas instituições e o interesse até de investidores estrangeiros por
parcerias com grandes universidades está deixando "o mercado assanhado", como define
João Carlos Di Gênio, da Unip.
"Já recebi várias propostas
de parcerias, mas ainda não é o
momento", diz. "Estamos presentes em quase todos os Estados, o que dá suporte para investir na educação a distância."
A Estácio, que não se manifestou, informa em seu site que,
além de sua universidade, já é
proprietária de um centro universitário e de 12 faculdades.
A instituição abriu seu capital e divulgou para o mercado
que captou R$ 252 milhões
com as ações. Nos primeiros
nove meses de 2007, registrou
lucro líquido de R$ 48 milhões.
O grupo Anhangüera, antes
sediado só em Leme e Pirassununga (interior paulista), também fez oferta de ações e passou de 24 unidades em 2006
para 34. O lucro líquido divulgado nos nove primeiros meses
foi de R$ 8,4 milhões.
Em outubro, comprou por
R$ 247 milhões a Uniderp, de
Mato Grosso do Sul, autorizada
para cursos a distância -o que
a unidade sede não tinha.
Mesmo pacote
Outra instituição com ações
em bolsa e recursos para investir na educação a distância é o
COC, de Ribeirão Preto (SP).
"Estamos em sete capitais e
já iniciamos a prospecção para
adquirir pequenas instituições
para nossa expansão do ensino
a distância", diz Nilson Curti,
diretor-superintendente.
Também com capital aberto,
a Faculdade Pitágoras, de Minas Gerais, é outra que está em
um processo intenso de compra de instituições: nos últimos
dois meses, foram quatro aquisições -o ensino a distância,
porém, não é a prioridade.
O ensino a distância permite,
após forte investimento inicial,
oferta de muitas vagas com baixo custo, pois não é preciso
manter muitas salas, por exemplo. De acordo com o consultor
Carlos Monteiro, algumas instituições poderão oferecer cursos a R$ 50.
Mas, para isso, terão de massificar o ensino, oferecendo o
mesmo "pacote" para diversas
regiões do país. "Isso pode desagradar os alunos", diz.
"De fato, será possível oferecer cursos a R$ 50. Mas qual será a qualidade?", questiona o
presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância,
Fredric Litto. Ele diz que, para
baixar tanto, provavelmente as
instituições não contarão com
materiais didáticos e professores (tutores) de boa qualidade.
Como funciona
A educação a distância é uma
opção para quem não tem horário fixo para assistir às aulas ou
não mora onde o curso é oferecido. Em geral, o aluno recebe
um roteiro de estudos, que inclui o uso de material impresso
e programas on-line.
Ao professor (chamado de
tutor) cabe o papel de orientar
e tirar dúvidas. Os alunos podem debater o conteúdo com os
colegas e o tutor em salas de bate-papo ou nos pólos.
A legislação não prevê uma
carga específica para atividades
presenciais. Exige apenas que o
aluno compareça à unidade para avaliações ou para estágios e
atividades de laboratório.
Para oferecer esses cursos, é
preciso autorização do MEC. A
maioria hoje se concentra em
licenciatura, pedagogia e administração. Há áreas em que a
possibilidade de graduação é
quase nula. É o caso de medicina, onde há muita exigência de
carga presencial e menos flexibilidade para aulas a distância.
Aluna de administração a
distância do Sistema COC, Isabel Martins, 37, diz que o curso
é mais puxado. "Como não tem
o professor sempre em sala para tirar dúvida, é preciso ler
muito mais."
(AG, FT e MAELI PRADO)
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