São Paulo, segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

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Grupos apostam em aquisições e cursos a distância

DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Além da expansão em seus campi, os grandes grupos investem na compra de faculdades menores e se preparam para um forte crescimento da educação a distância. O objetivo é contar com unidades pelo país que sirvam de pólos presenciais, uma das exigências do MEC para a modalidade.
Nos pólos, os alunos fazem provas e utilizam estruturas como biblioteca e laboratórios.
A aquisição de pequenas instituições e o interesse até de investidores estrangeiros por parcerias com grandes universidades está deixando "o mercado assanhado", como define João Carlos Di Gênio, da Unip.
"Já recebi várias propostas de parcerias, mas ainda não é o momento", diz. "Estamos presentes em quase todos os Estados, o que dá suporte para investir na educação a distância."
A Estácio, que não se manifestou, informa em seu site que, além de sua universidade, já é proprietária de um centro universitário e de 12 faculdades.
A instituição abriu seu capital e divulgou para o mercado que captou R$ 252 milhões com as ações. Nos primeiros nove meses de 2007, registrou lucro líquido de R$ 48 milhões.
O grupo Anhangüera, antes sediado só em Leme e Pirassununga (interior paulista), também fez oferta de ações e passou de 24 unidades em 2006 para 34. O lucro líquido divulgado nos nove primeiros meses foi de R$ 8,4 milhões.
Em outubro, comprou por R$ 247 milhões a Uniderp, de Mato Grosso do Sul, autorizada para cursos a distância -o que a unidade sede não tinha.

Mesmo pacote
Outra instituição com ações em bolsa e recursos para investir na educação a distância é o COC, de Ribeirão Preto (SP).
"Estamos em sete capitais e já iniciamos a prospecção para adquirir pequenas instituições para nossa expansão do ensino a distância", diz Nilson Curti, diretor-superintendente.
Também com capital aberto, a Faculdade Pitágoras, de Minas Gerais, é outra que está em um processo intenso de compra de instituições: nos últimos dois meses, foram quatro aquisições -o ensino a distância, porém, não é a prioridade.
O ensino a distância permite, após forte investimento inicial, oferta de muitas vagas com baixo custo, pois não é preciso manter muitas salas, por exemplo. De acordo com o consultor Carlos Monteiro, algumas instituições poderão oferecer cursos a R$ 50.
Mas, para isso, terão de massificar o ensino, oferecendo o mesmo "pacote" para diversas regiões do país. "Isso pode desagradar os alunos", diz.
"De fato, será possível oferecer cursos a R$ 50. Mas qual será a qualidade?", questiona o presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância, Fredric Litto. Ele diz que, para baixar tanto, provavelmente as instituições não contarão com materiais didáticos e professores (tutores) de boa qualidade.

Como funciona
A educação a distância é uma opção para quem não tem horário fixo para assistir às aulas ou não mora onde o curso é oferecido. Em geral, o aluno recebe um roteiro de estudos, que inclui o uso de material impresso e programas on-line.
Ao professor (chamado de tutor) cabe o papel de orientar e tirar dúvidas. Os alunos podem debater o conteúdo com os colegas e o tutor em salas de bate-papo ou nos pólos.
A legislação não prevê uma carga específica para atividades presenciais. Exige apenas que o aluno compareça à unidade para avaliações ou para estágios e atividades de laboratório.
Para oferecer esses cursos, é preciso autorização do MEC. A maioria hoje se concentra em licenciatura, pedagogia e administração. Há áreas em que a possibilidade de graduação é quase nula. É o caso de medicina, onde há muita exigência de carga presencial e menos flexibilidade para aulas a distância.
Aluna de administração a distância do Sistema COC, Isabel Martins, 37, diz que o curso é mais puxado. "Como não tem o professor sempre em sala para tirar dúvida, é preciso ler muito mais." (AG, FT e MAELI PRADO)


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