São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2004

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MORTES EM SÉRIE

Para delegado, houve um conluio -cinco pessoas teriam idealizado crimes e outras três teriam executado plano

Polícia fecha cerco a oito funcionários

DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil ampliou de cinco para oito o rol de funcionários suspeitos de envolvimento com as mortes dos 59 bichos do Zoológico de São Paulo.
Segundo o delegado que cuida do caso, Clóvis Ferreira de Araújo, chefe da unidade de inteligência do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), possivelmente houve um "conluio de trabalhadores". "Temos a impressão de que três eram operacionais e os outros cinco estavam numa esfera diferenciada, idealizaram."
Segundo Araújo, o grupo tinha acesso à área restrita do zôo e ao setor de alimentação. A polícia ainda não sabe como o veneno pode ter sido administrado.
Até agora, a polícia ouviu 27 das 40 pessoas com acesso aos bichos. Os laudos do IC (Instituto de Criminalística), que recolheu secreções dos animais e material do parque, ainda não estão prontos.
O delegado disse que pretende nomear os especialistas do Centro de Toxicologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu como peritos "ad hoc" (designados) para poder utilizar seus relatórios no inquérito.
Os laudos da universidade é que apontaram o envenenamento dos animais pelo raticida.

Interesses
As hipóteses sobre o motivo do crime são mantidas em sigilo pela polícia, para não atrapalhar as investigações. Já há evidências, no entanto, de que o objetivo era prejudicar projetos de interesse da fundação, segundo o zôo.
O lote de 50 porcos-espinhos africanos atingido pelo envenenamento -40 bichos já morreram e outros 3 estão debilitados -deveria ser utilizado em um leilão de espécies exóticas que o zôo preparava para março ou abril. A venda estava programada desde 2002, mas foi contestada pelo Ministério Público por poder colocar os bichos em risco -qualquer pessoa poderia comprar os animais, segundo o edital original da venda. Também havia risco de as espécies, nas mãos erradas, serem introduzidas em locais errados.
Naquela ocasião, o lance mínimo do lote de 31 porcos-espinhos que deveria ir à venda era estimado em R$ 24.800,00. Mais do que arrecadar fundos, o zôo pretendia cortar gastos com o leilão, explica a promotora de Justiça do Meio Ambiente Cláudia Fedeli.
Fedeli conduziu o acordo feito entre a Promotoria e o zoológico.
A venda foi liberada depois que o zôo aceitou colocar no edital que as vendas só poderiam ser concluídas depois do aval do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
(FABIANE LEITE)


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