São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 1998

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Concreto esfarela na mão, afirma perito

da Sucursal do Rio

O perito engenheiro do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) Hugo Monteiro disse ontem que "é visível a olho nu a má qualidade do concreto" usado na construção do edifício Palace 2, que ontem teve um novo desabamento.
"O concreto não tem adesão nem coesão, esfarela na mão", disse Monteiro.
Segundo ele, esse problema pode ter sido gerado por uso de água salobra (com excesso de sal). Outra possibilidade para o problema, de acordo com o perito, seriam aplicações de quantidades inadequadas de areia ou de brita na preparação do concreto.
Essas dúvidas deverão ser tiradas pela análise química dos materiais colhidos nos entulhos do desabamento do prédio pelos peritos do ICCE.
Essa análise, segundo Monteiro, deverá ser feita nos laboratórios da Coppe-UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e em laboratórios de outros Estados.
O ICCE quer ter vários laudos para poder compará-los.
Também deverá ser feita, nos mesmos laboratórios, uma análise física para avaliar a capacidade de tração e de compressão dos materiais usados na construção do edifício.

Inquérito
A perícia do ICCE é parte do inquérito policial que está sendo feito pela 16ª DP (Delegacia de Polícia), na Barra da Tijuca.
O inquérito definirá se há responsabilidades criminais pelo desabamento e os nomes dos responsáveis.
Caso seja comprovada culpabilidade, os responsáveis podem ser processados sob acusação de homicídio culposo (sem intenção de matar).
No entanto, o engenheiro e deputado federal Sérgio Naya (PPB-MG), dono da construtora Sersan, responsável pela obra, goza de imunidade parlamentar.
O deputado só poderá ser processado se houver autorização especial para isso da Câmara dos Deputados, em Brasília, por meio de votação.



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