São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 1998

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Antes da queda, Sersan negou perigo

AURÉLIO GIMENEZ
free-lance para a Folha

Vinte e três minutos antes de mais um pedaço do edifício Palace ruir na Barra da Tijuca (zona sul do Rio), a construtora Sersan divulgou, às 12h30, em Brasília, por intermédio da assessoria Apoio Comunicação, laudo afirmando que a parte remanescente do bloco 2 "apresenta-se em estado de perfeita estabilidade" e que não corria "risco de desabamento iminente ou mesmo a médio prazo".
Assinado pelos engenheiros Euler Magalhães e José da Cunha, o laudo atendia as exigências feitas pela prefeitura sobre as condições dos blocos 1 e 2 do condomínio Palace.
Pela interpretação dos engenheiros, a implosão do prédio "é absolutamente desnecessária".
Com cinco páginas, o documento destaca a vistoria feita por Magalhães e Cunha, anteontem, durante uma hora meia, no térreo e nos dois subsolos, "a despeito de suspeitas de riscos de imediato desabamento".
Segundo eles, não foram constatadas trincas ou deformações que possam ser consideradas representativas, "a não ser na região afetada pelo sinistro".
O sinistro a que eles se referem é o desabamento de 44 apartamentos, na madrugada de domingo.
Conforme o laudo, a parte desmoronada representa, "apenas", 25% da estrutura principal do edifício Palace 2.
Para os dois técnicos, o escoramento é viável, "através do sistema ágil de escoras tubulares", podendo ser realizado imediatamente.
A implosão, na interpretação dos engenheiros, "representaria uma agressão aos proprietários dos 132 apartamentos".
Magalhães é professor aposentado em engenharia de solos e fundação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), com pós-graduação em engenharia civil e engenharia de solos e fundações pelo Imperial College University of London.
Engenheiro consultor, Cunha é professor-adjunto de concreto armado da UFMG e doutor em mecânica dos solos e estruturas pela École Centrale de Paris.

Sequência
Por fim, o laudo recomenda a metodologia de abordagem e a solução do problema, de forma sequencial: escoramento do prédio, retirada controlada do entulho com o resgate das vítimas e a retirada dos bens dos moradores do bloco 2.
Em seguida, haveria o retorno dos proprietários do bloco 1, o estudo das causas do desabamento, a realização do projeto executivo de recuperação da estrutura danificada, a recuperação e reforço do bloco 2 e, posteriormente, a posse e a volta dos moradores do bloco 2 a seus apartamentos.



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