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Antes da queda, Sersan negou perigo
AURÉLIO GIMENEZ
free-lance para a Folha
Vinte e três minutos antes de
mais um pedaço do edifício Palace
ruir na Barra da Tijuca (zona sul
do Rio), a construtora Sersan divulgou, às 12h30, em Brasília, por
intermédio da assessoria Apoio
Comunicação, laudo afirmando
que a parte remanescente do bloco
2 "apresenta-se em estado de perfeita estabilidade" e que não corria
"risco de desabamento iminente
ou mesmo a médio prazo".
Assinado pelos engenheiros Euler Magalhães e José da Cunha, o
laudo atendia as exigências feitas
pela prefeitura sobre as condições
dos blocos 1 e 2 do condomínio
Palace.
Pela interpretação dos engenheiros, a implosão do prédio "é absolutamente desnecessária".
Com cinco páginas, o documento destaca a vistoria feita por Magalhães e Cunha, anteontem, durante uma hora meia, no térreo e
nos dois subsolos, "a despeito de
suspeitas de riscos de imediato desabamento".
Segundo eles, não foram constatadas trincas ou deformações que
possam ser consideradas representativas, "a não ser na região
afetada pelo sinistro".
O sinistro a que eles se referem é
o desabamento de 44 apartamentos, na madrugada de domingo.
Conforme o laudo, a parte desmoronada representa, "apenas",
25% da estrutura principal do edifício Palace 2.
Para os dois técnicos, o escoramento é viável, "através do sistema ágil de escoras tubulares", podendo ser realizado imediatamente.
A implosão, na interpretação
dos engenheiros, "representaria
uma agressão aos proprietários
dos 132 apartamentos".
Magalhães é professor aposentado em engenharia de solos e fundação da UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais), com
pós-graduação em engenharia civil e engenharia de solos e fundações pelo Imperial College University of London.
Engenheiro consultor, Cunha é
professor-adjunto de concreto armado da UFMG e doutor em mecânica dos solos e estruturas pela
École Centrale de Paris.
Sequência
Por fim, o laudo recomenda a
metodologia de abordagem e a solução do problema, de forma sequencial: escoramento do prédio,
retirada controlada do entulho
com o resgate das vítimas e a retirada dos bens dos moradores do
bloco 2.
Em seguida, haveria o retorno
dos proprietários do bloco 1, o estudo das causas do desabamento,
a realização do projeto executivo
de recuperação da estrutura danificada, a recuperação e reforço do
bloco 2 e, posteriormente, a posse
e a volta dos moradores do bloco 2
a seus apartamentos.
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