São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 1998

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EDUCAÇÃO
Reorganização da rede estadual deixa estudantes de 2º grau sem psicologia
Escola de SP perde professora premiada

FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local

A Escola Estadual de 1º e 2º Graus Nossa Senhora Aparecida, no Ipiranga (zona sudeste de São Paulo), deixa de contar este ano com as aulas da professora de psicologia Ana Neri Braz dos Santos Tachiro, 35.
Ela será na segunda-feira um dos três professores premiados pelo "Concurso Leia Brasil - Revista Nova Escola", promovido pela Fundação Victor Civita, Petrobrás e Unesco (órgão das Nações Unidas para educação e cultura).
O problema foi que, na reorganização da grade horária (distribuição de aulas) feita no início do ano pela Secretaria de Estado da Educação, a Escola N. Sra. Aparecida deixou de oferecer psicologia -e Ana Neri ficou sem alunos.
Em 1997, ela atendia quatro turmas do ensino médio (2º grau) noturno. Foi com esses estudantes que ela desenvolveu o trabalho premiado -que passou por uma seleção que envolvia 750 projetos.
A assessoria de imprensa da secretaria afirma que a professora premiada começou a dar aula na rede estadual no ano passado e que, na época, ainda não tinha título universitário. Por isso, perdeu aulas em relação a outros professores com mais titulação e tempo na rede.
A medida é necessária para melhorar a formação dos professores e a qualidade do ensino no Estado, diz a secretaria. Como Ana Neri, milhares de professores ficaram sem aula. O número oficial ainda não foi divulgado, já que a atribuição de aulas só terminava ontem.
A professora prefere não se posicionar em relação à reforma na rede. "Só dei aula um ano e, por isso, não posso emitir uma opinião sobre essas medidas", afirma.
Segundo Ana Neri, quando ficou sabendo que a escola não ofereceria mais psicologia, ela deixou de buscar outras aulas na rede. Ontem, recebeu o diploma de graduação em psicologia na Universidade São Marcos e, agora, pretende trabalhar em seu consultório.
Ela se diz "muito feliz com o prêmio e com o resultado do trabalho com os alunos". Seu projeto premiado defende que a criação do gosto pela leitura deve partir da valorização dos alunos.
Assim, no lugar de o professor chegar com leituras obrigatórias, ele deve ser sensível às questões dos estudantes e conseguir, com isso, introduzir textos significativos. "Os alunos descobriam que o as leituras tinha a ver com eles."
Também recebem o prêmio -que consiste em uma viagem à 18ª Feira do Livro de Paris, na França- a professora Joselita dos Santos Lima, de Umburanas (BA), e o professor Paulo de Tarso Rezende Ayub, de Vitória (ES).



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